Economia

Alemanha chega à cúpula da UE dizendo "Nein! No! Non!"

Angela Merkel não dá sinais de que irá reverter sua recusa em garantir as dívidas de outros países

Merkel insiste que, antes de partilhar qualquer ônus, é preciso realizar reformas fundamentais que deem às autoridades da UE o poder de alterar orçamentos (Johannes Eisele/AFP)

Merkel insiste que, antes de partilhar qualquer ônus, é preciso realizar reformas fundamentais que deem às autoridades da UE o poder de alterar orçamentos (Johannes Eisele/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 10h06.

Líderes da União Europeia chegaram divididos a Bruxelas na quinta-feira para uma cúpula que tratará da crise na zona do euro, e a chanceler alemã Angela Merkel não dá sinais de que irá reverter sua recusa em garantir as dívidas de outros países.

Enquanto ela é pressionada em casa para manter-se firme nessa posição, seus parceiros na União Europeia dizem que essa pode ser a única maneira de salvar a moeda única.

"Nein! No! Non!", gritava a manchete estampada na capa do geralmente sóbrio jornal econômico alemão Handelsblatt, com um artigo em que seu editor-chefe cobra firmeza de Merkel durante os dois dias de cúpula na Bélgica.

Espanha e Itália, em especial, imploram por uma ação emergencial que lhes permita reduzir os seus custos de empréstimos, pois do contrário serão obrigados a deixar o mercado de títulos. Eles querem que o fundo de resgate da zona do euro ou o Banco Central Europeu intervenham rapidamente comprando seus papéis, o que reduziria os juros.

Uma fonte graduada do governo alemão, falando a jornalistas em Berlim antes da cúpula, que começa às 10h, horário de Brasília, minimizou o salto nos custos de empréstimos da Espanha e da Itália. "Alertaríamos contra exagerar na difusão do pânico", disse.

Os presidentes do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, propuseram em um relatório a criação de um Tesouro da zona do euro que emitiria títulos conjuntos em médio prazo, além do estabelecimento de uma união bancária com supervisão central, garantia conjunta dos depósitos e um fundo de resolução.

Merkel insiste que, antes de partilhar qualquer ônus, é preciso realizar reformas fundamentais que deem às autoridades da UE o poder de alterar orçamentos e políticas econômicas dos governos nacionais.

"Agora ela precisa explicar aos nossos amigos na cúpula que não ajudaria ninguém se a Alemanha entregasse dispendiosamente o fruto do seu trabalho. Pelo contrário: 'sim' à Europa significa 'não' às ideias de Barroso", escreveu Gabor Steingart no Handelsblatt.

Esse comentário reflete opiniões amplamente difundidas na Alemanha, que elevou suas exportações enquanto Grécia, Irlanda e Portugal - e mais recentemente Espanha e Chipre - precisaram de resgates financeiros.

Essa é a 20a cúpula da UE desde o início da atual crise, em 2010, e desde então nunca os 27 países do bloco estiveram tão divididos.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaAngela MerkelCrise econômicaCrises em empresasEuropaPaíses ricosPersonalidadesPolíticosUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto