O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble: "Não é possível que acumulemos sempre os maiores riscos porque alguns não respeitam as regras" (Mandel Ngan/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2016 às 18h24.
A Alemanha impôs suas condições para avançar na criação de uma garantia de depósitos comum, um dos pilares da União Bancária, insistindo que antes de criar um fundo europeu devem ser reduzidos os riscos das instituições de crédito em dificuldade.
A União Bancária é um sistema de supervisão dos bancos, para controlar se suas contas e produtos são sustentáveis, e destinado a decidir sobre resgates ou fechamentos de bancos.
A UE criou esse mecanismo nos últimos anos para evitar que uma crise financeira arrasasse alguma de suas economias.
O terceiro pilar desta união, depois da resolução bancária e a supervisão dos bancos, é um fundo de garantia de depósitos comum ao bloco, alimentado pelos sistemas nacionais de garantias de depósitos.
Para Berlim, reticente a pagar pelas falhas nos sistemas financeiros de seus vizinhos, todo avanço nessa construção deve ser precedido por uma avaliação dos riscos das instituições, italianas, espanholas, gregas ou francesas.
"Não é possível que acumulemos sempre os maiores riscos porque alguns não respeitam as regras e depois nos dizem: 'agora temos que compartilhar os riscos de maneira equitativa'", declarou o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schauble, em uma coletiva de imprensa depois da reunião.
Os bancos dos países europeus devem primeiro reduzir os riscos de calote, "e depois veremos", acrescentou.
Essa posição se refletiu nas conclusões adotadas pelos 28 ministros do bloco reunidos em Luxemburgo.
Os avanços a nível político "começarão quando houver suficientes progressos nas medidas de redução de riscos", aponta o texto.
Uma fonte europeia disse que a Alemanha estabeleceu as condições nesse tema que apenas foi desbloqueado na quarta-feira em uma reunião reduzida em que participaram além do ministro alemão, seus colegas de França, Itália, Espanha e Holanda, assim como dois membros da Comissão Europeia.
A Alemanha, maior economia da zona do euro, manifestou em diversas ocasiões sua oposição a esse fundo comum e aos bancos regionais alemães que se mobilizaram contra esse projeto.
Para Schauble "uma união bancária não precisa de um compartilhamento completo das garantias de depósitos. Há outras soluções".
Essa é a primeira vez que a UE estabelece um planejamento para a criação de um fundo de garantia de depósitos.
"O copo é mais cheio do que vazio", disse à imprensa o ministro italiano, Pier Carlo Padoan.
A Itália, cujos bancos estão em sérias dificuldades, é favorável à criação desse fundo.
"Queríamos um pouco mais de precisão sobre o fundo de garantia de depósitos", disse o ministro francês, Michel Sapin. "Sabemos agora que, com os debates que existem entre os países, já não podemos ir mais longe", acrescentou.