Economia

Alemanha adverte contra novo desconto em dívida grega

Ministro das Finanças alemão rejeitou um desconto da dívida da Grécia e advertiu contra um debate público sobre a questão


	Wolfgang Schäuble: "(esse debate) levaria a uma renovada crise de confiança no euro, que, graças a Deus, nós superamos", acrescentou sobre o desconto na dívida grega
 (Jorge Guerrero/AFP)

Wolfgang Schäuble: "(esse debate) levaria a uma renovada crise de confiança no euro, que, graças a Deus, nós superamos", acrescentou sobre o desconto na dívida grega (Jorge Guerrero/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 15h50.

Frankfurt - Figuras importantes do governo da Alemanha e do banco central alemão (Bundesbank) repetiram neste domingo (25) sua oposição a um desconto (haircut, em inglês) na dívida grega, dias depois de declarações do ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, reavivar preocupações sobre a necessidade de um resgate financeiro do país.

Schäuble disse neste domingo que rejeitou um desconto da dívida da Grécia e advertiu contra um debate público sobre a questão. "(Esse debate) levaria a uma renovada crise de confiança no euro, que, graças a Deus, nós superamos", acrescentou.

Conversas sobre um segundo possível haircut da dívida da Grécia esquentaram na semana passada, após Schäuble dizer que uma ajuda adicional para o país poderia ser necessária quando o atual programa de ajuda financeira começar a desacelerar, no final do próximo ano.

Apesar de rejeitar o desconto, o ministro classificou a perspectiva de um novo pacote de ajuda para a Grécia de "extremamente provável".

A chanceler Angela Merkel também reiterou sua oposição ao haircut, afirmando a uma revista que essa ação apenas aumentaria a incerteza dos investidores. "Eu alerto enfaticamente contra o desconto", disse Merkel à revista Focus. "Isso poderia desencadear um efeito dominó de incertezas, terminando com investidores privados, cujo desejo de investir é zero."

Na entrevista, Merkel disse que um terceiro programa de ajuda será tratado quando for a hora certa. "Como planejado, em 2014 vamos novamente olhar a questão de como está o endividamento grego e como as reformas estruturais foram desenvolvidas", disse a chanceler, na reportagem. Até lá, o país ainda estará trabalhando para implementar as reformas.

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, também rejeitou a ideia de um desconto na dívida da Grécia. "Um haircut, que apenas nos levaria a enfrentar a mesma situação num período de cinco anos, seria contraproducente e enviaria um sinal errado aos países que recebem ajuda", ressaltou em entrevista ao jornal Handelsblatt.

Segundo Weidmann, que também é membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), a crise financeira grega só será superada por meio das reformas do próprio país. "Nova ajuda sozinha não criará companhias competitivas ou sustentabilidade financeira", disse.

O ministro da Economia alemão, Philipp Roesler, disse neste domingo que é o momento errado para discutir ajuda à Grécia. "Estamos esperando até o final de 2014 ... E, até lá, só precisamos discutir se as reformas que vemos estão indo pela direção certa", ressaltou, durante evento do governo alemão.

Weidmann alertou que a crise na zona do euro ainda não pode ser considerada uma coisa do passado. E apesar de reconhecer que os mercados financeiros estão mais calmos, ajudados pela promessa do presidente do BCE, Mario Draghi, de fazer tudo que puder para dar suporte ao euro, o presidente do Bundesbank considerou que a calma é "enganosa" e que o debate sobre uma nova ajuda à Grécia mostra que a crise não acabou.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaCrise gregaEuropaGréciaPaíses ricosPiigs

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto