Economia

Ajuste fiscal será gradual, mas duro, afirma Mansueto

"Ele é um ajuste duro porque estamos em um país em que, nos últimos 25 anos, a despesa primária cresceu 6 por cento acima da inflação em todos os anos", afirmou


	Ajuste: Mansueto também defendeu a estratégia do governo de não enviar ao mesmo tempo a PEC do teto dos gastos e a reforma da Previdência
 (Bruno Domingos/Reuters/Reuters)

Ajuste: Mansueto também defendeu a estratégia do governo de não enviar ao mesmo tempo a PEC do teto dos gastos e a reforma da Previdência (Bruno Domingos/Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2016 às 12h55.

São Paulo - O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, afirmou nesta quarta-feira que o ajuste fiscal proposto por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita as despesas do governo à inflação do ano anterior será gradual, porém duro.

Segundo o secretário, o relator do projeto Darcísio Perondi (PMDB-RS) deverá apresentar o relatório sobre a PEC já na segunda-feira.  

"O ajuste será muito gradual, e o mercado já aceita que seja gradual", afirmou Mansueto, que participou via Skype de um debate promovido pela Fundação Getulio Vargas.

"Ele é um ajuste duro porque estamos em um país em que, nos últimos 25 anos, a despesa primária cresceu 6 por cento acima da inflação em todos os anos", afirmou.

Se a PEC dos gastos for aprovada, o objetivo do governo é que o Brasil volte a ter um superávit primário a partir de 2019. Neste ano, o déficit primário do setor público consolidado deverá ser de 163,9 bilhões de reais, o equivalente a 2,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Mansueto também defendeu a estratégia do governo de não enviar ao mesmo tempo a PEC do teto dos gastos e a reforma da Previdência.

Para o secretário, se o governo Michel Temer decidisse enviar ao Congresso uma ampla reforma com várias frentes, a chance de aprovação seria pequena.

"O timing político é diferente do que os economistas desejam", afirmou. "Se for tentar modificar tudo de uma vez, não se consegue nada. Essas coisas têm de ser discutidas com a sociedade. As pessoas só podem aceitar as mudanças se elas começarem a entender como são as regras em outros países."

Embora acredite na estratégia de fatiamento das reformas, o secretário defendeu uma rápida mudança da Previdência.

"A regra da PEC do teto dos gastos vai necessitar de uma reforma da Previdência que já está atrasada. O Brasil está enfrentando um processo rápido de envelhecimento", disse.

"Em 30 anos o números de pessoas inativas e idosas via triplicar no Brasil", completou. 

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