Mercosul: produtos industrializados e agrícolas, como a carne bovina, da América do Sul, e os laticínios europeus estão no centro do impasse entre o bloco e a UE (Norberto Duarte/AFP)
Carolina Unzelte
Publicado em 18 de junho de 2018 às 15h58.
Última atualização em 18 de junho de 2018 às 16h01.
Assunção - Líderes do Mercosul se reuniram nesta segunda-feira no Paraguai para uma reunião de cúpula com as atenções voltadas para a aproximação com outros blocos comerciais, preocupados pela demora da conclusão de um longamente negociado acordo comercial com a União Europeia.
O relacionamento externo do Mercosul foi um dos principais tópicos das discussões prévias ao encontro entre os líderes ou representantes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela também faz parte do Mercosul, mas está atualmente suspenso.
O Uruguai assumirá a presidência para o próximo semestre com a intenção de promover um acordo com a China, que é responsável por 11 por cento do comércio mundial e que está atualmente em uma disputa comercial com os Estados Unidos.
"Pedimos proceder, e se por alguma razão algum de nós... não puder avançar nesse aspecto, que também dialoguemos e encontremos fórmulas que, sem lesionar o Mercosul, contemplem seus próprios Estados", disse o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, durante seu discurso.
A China é um mercado-chave para as exportações de commodities do bloco, mas também vende produtos que competem com a produção nacional dos países sul-americanos. Na América do Sul, Chile e Peru são os únicos países que têm acordos comerciais com a China.
Pouco antes, o presidente uruguaio havia criticado a demora nas negociações comerciais do Mercosul com a União Europeia, cuja última rodada de conversações terminou com um progresso limitado e acusações mútuas sobre quem estaria travando o acordo.
"Não estamos dispostos a perder tempo em negociações eternas... também não estamos dispostos a assinar um 'acordinho'", disse Vázquez.
As dificuldades para o acordo avançar persistem na questão dos produtos industrializados e agrícolas, como a carne bovina, da América do Sul, e os laticínios europeus, de acordo com autoridades.
Em sua fala no encontro de cúpula, o presidente Michel Temer defendeu a continuidade das negociações.
"Nós não devemos abandonar a ideia desta aliança... porque, na premissa que levantei, segundo a qual o nosso trabalho há de ser um trabalho cada vez mais de abertura para o mundo, fechar essa porta agora significa impedir o caminho das negociações que nestes últimos tempos, com todos os naturais embaraços, têm tido razoável sucesso”, afirmou.
Temer também se disse favorável a uma aproximação do Mercosul com os países da Aliança do Pacífico, formada por Chile, Colômbia, México e Peru. Os dois blocos realização uma reunião no final de julho.
Os presidentes comemoraram, ainda, o início dos últimos meses de negociações para acordos de comércio com Canadá e Coreia do Sul, e o lançamento próximo de conversações com Singapura.
Os países aprovaram uma declaração sobre a crise humanitária e imigratória na Venezuela, e outra sobre a Nicarágua, onde uma onda de protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega deixou mais de 170 mortos nos últimos meses.