Protesto em Buenos Aires: além de produtores e dirigentes sociais, centenas de cidadãos foram à Praça de Maio para conseguir tomates, alfaces e hortaliças grátis (Marcos Brindicci/Reuters)
EFE
Publicado em 26 de abril de 2017 às 18h33.
Buenos Aires - Produtores agrícolas argentinos se concentraram nesta quarta-feira, pela segunda vez na semana, na frente da sede do governo, em Buenos Aires, e distribuíram verduras para reclamar os altos custos de trabalho, os baixos níveis de rentabilidade e a precariedade das terras.
Pequenos produtores, consumidores e manifestantes de distintas organizações sociais, como o Movimiento Evita e a Federacion Nacional Campesina (FNC), se concentraram na Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, ao mesmo tempo em que chegaram três caminhões repletos de verduras.
O dirigente do Movimiento Evita, Gildo Onoroto, disse à Agência Efe que a situação reflete dois sintomas que convivem em um mesmo protesto: uma "crise produtiva", acompanhada da "falta de recuperação das economias regionais", e a "fome da população".
Já o representante da FNC, Fernando Benítez, explicou que a má situação que o setor produtivo atravessa se deve aos "altos custos de produção e os baixos níveis de rentabilidade". Ele disse que uma temporada de plantio custa 25 mil pesos por mês (cerca de R$ 5.100) e que não se recebe a ajuda econômica do governo regulamentado pela lei de Emergência Agropecuária, sancionada em 2014, mas ainda não foi regulamentada.
Sobre os baixos níveis de rentabilidade, o integrante do FNC apontou que vende uma caixa de 20 quilos de mercadorias a 60 pesos (R$ 12), enquanto nos supermercados o preço do quilo da verdura é, em média, 60 pesos e "as pessoas compram cada vez menos".
Além de produtores e dirigentes sociais, centenas de cidadãos foram à Praça de Maio para conseguir tomates, alfaces e hortaliças grátis.
Sonia Biso, uma das pessoas que estavam lá, reconheceu que "não é bom distribuir verduras e que exista gente que as receba", mas "as pessoas pobres têm necessidades".
Os produtores que se concentraram na porta do governo não descartaram a possibilidade de realizar outro protesto na semana que vem, enquanto aguardam a regulamentação da lei de Emergência Agropecuária e uma mudança na economia do setor.