Os cálculos do governo estão, enfim, sobre a mesa – quer dizer, pelo menos parte deles. A semana deve ser marcada pela votação no plenário da meta fiscal apresentada pela equipe econômica de Michel Temer na última sexta-feira 20. O prazo para votar a nova meta – um déficit de 170,5 bilhões de reais – termina no domingo 29. A expectativa é de que a aprovação saia até lá, mas não é por que este número está definido que os cálculos do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acabaram.
Falta, agora, desenterrar os esqueletos deixados pelo governo Dilma. Na conta de especialistas, as despesas não contabilizadas das estatais podem gerar despesas extras na casa das centenas de bilhões de reais.“Existe o déficit normal e mais uma série de anomalias que o governo está encontrando. Não há dúvida de que a conta é gigantesca”, diz Raul Velloso, ex-secretário de Assuntos Econômicos do Planejamento.
Em relatório, a agência de classificação de risco Moody’s estimou que, ao longo dos próximos três anos, os gastos com essas despesas extraordinárias podem variar entre 5% e 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, algo entre 295 bilhões de reais e 590 bilhões de reais. Com isso, a agência calcula que a dívida, hoje perto de 70% do PIB, chegará a 90% do PIB em 2018.
O Governo já ressaltou que não acrescentou ao cálculo de déficit as despesas com uma eventual capitalização da Eletrobras. Segundo analistas, só Petrobras e Eletrobras precisam de um aporte de cerca de 150 bilhões de reais ainda este ano para manter suas atividades.
O cálculo da Moody’s é ainda mais assustador: segundo a agência, a Petrobras precisa de cerca de 300 bilhões de reais entre 2016 e 2018 para ter novo fôlego. Não bastasse isso, ainda há o risco de bancos públicos precisarem de um socorro. A Caixa, avalia a Moody’s, é a instituição financeira com a situação mais delicada. As calculadoras de Meirelles não devem ter sossego tão cedo.