A AEB prevê que o Brasil feche 2012 com superávit de US$ 3 bilhões (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 2 de janeiro de 2012 às 17h12.
Rio de Janeiro - O superávit de US$ 29,7 bilhões, registrado na balança comercial brasileira no ano passado, surpreendeu, “porque o valor das importações foi muito baixo”, disse hoje à Agência Brasil o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. As exportações somaram no ano US$ 256,04 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 226,25 bilhões.
Divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o resultado, como um todo, “foi muito bom. US$ 29 bilhões de superávit no momento em que o mundo começa a ter uma certa dificuldade é um ótimo resultado, sob todos os aspectos. O aumento de 47,8% (no saldo comercial) é excelente”, avaliou.
Para 2012, porém, a AEB estima que as exportações vão cair para algo em torno de US$ 236,580 bilhões, em função do cenário internacional adverso. As importações alcançarão US$ 233,540 bilhões, o que irá gerar um superávit no ano de apenas US$ 3,040 bilhões. A queda estimada em comparação ao saldo de 2011 é 79,5%.
“As exportações, de uma forma geral, em dezembro, mostram queda de preço em quase todos os produtos, principalmente aqueles que interessam, que são minério de ferro e complexo soja. É exatamente isso que vai ter impacto em 2012. Os produtos terão uma queda de preço e, eventualmente, queda de quantidade. E isso vai refletir na redução das exportações”, disse.
Em relação às importações, Castro acredita que, em princípio, o ritmo deverá ser mantido. “Porque o próprio governo admite que o crédito no mercado interno cresce 15%, o consumo vai ser estimulado, os juros devem diminuir. E é um ano eleitoral em que o governo tem interesse de manter a economia aquecida”.
Na avaliação do presidente em exercício da AEB, ainda não é desta vez que o Brasil vai priorizar a exportação de produtos de maior valor agregado na sua pauta. “Enquanto nós não tivermos uma reforma tributária, uma redução da carga tributária e dos juros, e melhoria da infraestrutura, nós vamos continuar sendo um país exportador de commodities [produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior]. Não que não queiramos exportar manufaturados, mas é que os entraves internos inviabilizam a exportação de manufaturados hoje”, declarou.
José Augusto de Castro reiterou que no mundo globalizado e competitivo, o Brasil ainda apresenta entraves internos que precisam ser eliminados.