Theresa May: Reino Unido deve deixar a União Europeia em 29 de março (Peter Nicholls/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de março de 2019 às 14h23.
LONDRES - O principal advogado da primeira-ministra britânica, Theresa May, tentará fechar um acordo sobre o Brexit com a União Europeia nesta semana, em uma última tentativa de vencer parlamentares britânicos rebeldes antes de votações difíceis que podem atrasar a saída do bloco.
O Reino Unido deve deixar a União Europeia em 29 de março, mas ainda não chegou a um acordo sobre os termos da saída após parlamentares rejeitarem em janeiro por 432 votos a 230 o acordo que May fechou com o bloco ano passado.
A premiê espera ganhar votos o bastante para aprová-lo, concordando com um adendo legal com a UE em relação ao elemento mais controverso do acordo: um 'backstop', para garantir que não haja uma fronteira rígida entre a Irlanda, ainda parte da UE, e a Irlanda do Norte, governada pelo Reino Unido.
O procurador-geral Geoffrey Cox, principal advogado do governo, deve se encontrar com o negociador da UE para o Brexit, Michel Barnier, em Bruxelas, na terça-feira.
"O procurador-geral continua buscando mudanças legalmente vinculativas para o 'backstop', que são necessárias para garantir que a UE não segure o Reino Unido nisso indefinidamente", disse um porta-voz de May.
"Estamos agora em um estágio particularmente crítico nessas negociações", disse o porta-voz. Ele se negou a entrar em especificidades sobre o tipo de mudanças legalmente vinculativas que Cox está tentando garantir.
À medida que o prazo para o Brexit se aproxima, investidores aguardam para ver se May consegue reunir votos suficientes para o seu acordo. Se ela falhar, a data de saída quase certamente será atrasada por parlamentares ansioso para evitar uma saída potencialmente desordenada, sem nenhum acordo.
Parlamentares britânicos são contra o 'backstop' porque ele exige que o Reino Unido aplique algumas regras da UE à Irlanda do Norte indefinidamente, a não ser que outro acordo para abrir as fronteiras seja realizado no futuro. May prometeu buscar mudanças, embora a UE tenha se recusado a reabrir o rascunho do tratado. O parlamento votará o acordo modificado em 12 de março.
Se ele rejeitá-lo, parlamentares realizarão outra votação para decidir se saem sem um acordo, e, então, se atrasam o Brexit, provavelmente por alguns meses, até o fim de junho.
Em uma tentativa de ganhar membros do partido Trabalhista, na oposição, May estabelecerá planos nesta segunda-feira de 1,6 bilhão de libras (2,11 bilhões de dólares) para ajudar a melhorar o crescimento econômico em comunidades que apoiam o Brexit.
O porta-voz de finanças do Partido Trabalhista, John McDonnell, disse que os fundos eram "propina do Brexit".
"Os fundos para essas cidades cheiram a desespero de um governo que se reduz a subornar membros do Parlamento em busca de votos para uma legislação emblemática e avariada sobre o Brexit", disse.
Os Trabalhistas, que como os Conservadores de May apoiaram formalmente a saída da UE, em linha com os resultados do referendo de 2016, mudaram de posição semana passada, passando a apoiar uma nova votação pública se May seguir adiante com seu acordo.
(Reportagem adicional de Michael Holden em Londres e Gabriela Baczynska em Bruxelas)