Soja: os preços futuros da soja em Chicago também devem ajudar a reduzir a pressão exportadora no início do ano (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 16h33.
São Paulo - A ADM, uma das gigantes mundiais do agronegócio e importante exportadora de grãos no país, projeta que o escoamento da nova safra de soja do Brasil em 2014 não será tão apertado quanto em 2013, com o mercado internacional pressionando menos por embarques logo no início do ano.
"A gente vê bem menos problemas do que a gente via no ano passado, quando despertamos para a tormenta que vinha chegando", afirmou o presidente da ADM na América do Sul, Valmor Schaffer, durante um evento em São Paulo.
Os primeiros meses de 2013 viram uma safra recorde de soja chegando aos portos brasileiros, com uma grande procura de compradores internacionais, após uma quebra de colheita nos Estados Unidos.
A falta de caminhões e a capacidade deficitária dos terminais encareceram os fretes, geraram filas de dezenas de navios e impuseram perdas milionárias para empresas e produtores rurais.
Milho pressiona menos
Schaffer acredita que as perspectivas menores de exportação de milho deverão aliviar a capacidade dos portos.
"O milho está pagando bem no mercado doméstico, e as exportações de milho estão minguando. Aquela sobreposição de milho e soja não deverá acontecer nos meses de janeiro, fevereiro e março", afirmou.
Levantamentos do Cepea mostram uma recuperação recente nos preços do cereal no mercado à vista. O indicador Esalq/BM&FBovespa, uma referência para o mercado, acumula alta de 15 por cento, desde a mínima do ano registrada em meados de agosto. Em Sorriso (MT), os preços subiram 50 por cento desde a mínima de 2013, no início de outubro.
Mercado invertido
Os preços futuros da soja em Chicago também devem ajudar a reduzir a pressão exportadora no início do ano.
"O mercado continua invertido, mas não tão invertido como no ano passado. Isso deixa o produtor com uma tranquilidade de venda um pouco mais espaçada ao longo do ano", lembrou o executivo.
Mercado "invertido" é a situação --pouco comum-- em que os contratos de vencimento mais imediato estão mais caros que os longos (que geralmente deveriam carregar maior prêmio, devido aos riscos). No início de 2013, após a quebra nos EUA, a escassez no mercado à vista deixou o mercado bastante "invertido".
Apesar de um aumento na safra brasileira de soja, as grandes empresas do setor projetam uma exportação em 2014 de 44 milhões de toneladas, praticamente igual à de 2013, de 43 milhões de toneladas, segundo estatísticas da Abiove.
Schaffer avalia que houve alguns investimentos pontuais em portos, feitos pelas empresas.
"Os portos em geral conseguiram organizar seus line-ups... As empresas investiram um pouquinho em seus shiploaders para carregar os navios com mais agilidade", disse ele durante o seminário Agritendências 2014.
Porto em Barcarena
A ADM espera escoar 1 milhão de toneladas em 2014 pelo seu novo terminal portuário em Barcarena, na região metropolitana de Belém, no Pará.
A empresa anunciou em 2012 a compra de um terminal de embarque de minerais no local e realiza obras de adequação.
A expectativa é alcançar movimentação de 6 milhões de toneladas por ano, principalmente soja. Ele não informou, no entanto, a previsão para que esta capacidade seja atingida.
Quando o projeto estiver concluído, Barcarena alcançará a capacidade de embarques do terminal da ADM em Santos, também de 6 milhões de toneladas, em mais uma prova do interesse das empresas brasileiras em deslocar o foco da logística do agronegócio para o Norte do país.
Inicialmente, a soja chegará a Barcarena em barcaças provenientes de Porto Velho e outros terminais fluviais no coração da Amazônia, além de caminhões.
Nos próximos anos, a ADM espera concluir sua unidade às margens do rio Tapajós em Miritituba (PA), onde quase uma dezenas de empresas está construindo terminais para despachar a soja para navios em portos próximos ao oceano.
A ADM também espera se beneficiar de um ramal da ferrovia Norte-Sul, que deve ser construído na região.
O avanço das obras em Barcarena depende de algumas licenças ambientais, lembrou Schaffer.