Economia

Acordos de preços de siderúrgicas foram de 6 meses, diz Inda

As siderúrgicas normalmente fecham acordos com o setor automotivo com preços válidos por um ano

Siderúrgicas: "Esse prazo de seis meses foi porque provavelmente as usinas estavam querendo um reajuste muito maior ao que foi acertado em janeiro" (Martin Divisek/Bloomberg)

Siderúrgicas: "Esse prazo de seis meses foi porque provavelmente as usinas estavam querendo um reajuste muito maior ao que foi acertado em janeiro" (Martin Divisek/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 16h09.

São Paulo - A maior parte dos acordos que elevaram os preços do aço vendido por siderúrgicas a montadoras de veículos foi acertada com prazos de seis meses, o que pode implicar em novos aumentos ao setor em meados do ano, afirmou nesta terça-feira o presidente da entidade que representa os distribuidores de aços planos, Inda, Carlos Loureiro.

As siderúrgicas normalmente fecham acordos com o setor automotivo com preços válidos por um ano.

"Esse prazo de seis meses foi porque provavelmente as usinas estavam querendo um reajuste muito maior ao que foi acertado em janeiro", disse Loureiro.

Segundo ele, o setor automotivo, principalmente de autopeças, representa cerca de 35 por cento das vendas dos distribuidores de aços planos.

Os reajustes de preço das siderúrgicas para o setor automotivo foram da ordem de 25 a 28 por cento, afirmou Loureiro.

Representantes da associação de montadoras, Anfavea, não comentaram o assunto.

Segundo ele, as siderúrgicas também elevaram os preços aos distribuidores em janeiro, depois de reajustes de cerca de 50 por cento em 2016.

O reajuste aplicado este mês foi de entre 8,5 a 9,5 por cento para laminados a quente e a frio.

Questionado se o setor poderá enfrentar novos reajustes das usinas ainda neste ano, Loureiro citou o cenário de forte queda nos preços do carvão, da ordem de 100 dólares, ocorrido entre o final do ano passado e este mês.

Loureiro afirmou que essa queda no preço do carvão, um dos principais insumos da produção de aço, ainda não foi totalmente repassada para os preços internacionais da liga.

"Possibilidade de reverter aumentos existe, mas é relativamente remota porque as usinas estão desesperadas por estes aumentos", disse o presidente do Inda.

"Até que ponto as usinas internacionais não vão repassar essa queda do carvão para os preços é um ponto de atenção", acrescentou.

As usinas brasileiras tradicionalmente acompanham as variações de preços internacionais de forma a evitarem que preços mais vantajosos de produtos importados tomem suas participações de mercado.

Segundo o presidente do Inda, os prêmios de preços, a diferença entre os valores cobrados no Brasil acima dos preços internacionais, nas bobinas de aço laminado a quente e a frio estão entre 6 e 8 por cento.

A expectativa do Inda para este ano é elevar as vendas de aço em 5 por cento sobre o volume comercializado no ano passado, de 3,039 milhões de toneladas, que correspondeu a uma queda de cerca de 4 por cento ante 2015.

Se o crescimento for confirmado, 2017 pode ser o primeiro ano em que os distribuidores de aços planos terão crescimento de vendas após três anos de quedas.

Na avaliação de Loureiro, o setor siderúrgico brasileiro está passando por uma "inflexão, com o pior ficando para trás".

"Estamos em uma estabilização, indo para uma melhora", afirmou ele, referindo-se ao crescimento do consumo aparente de aços planos no quarto trimestre, que subiu 6,7 por cento sobre o mesmo período de 2015, para 2,2 milhões de toneladas.

No ano, o consumo aparente caiu 14,3 por cento, para 8,3 milhões de toneladas.

Para analistas do Credit Suisse, o fato de as compras de aço plano pelos distribuidores em dezembro ter crescido pelo sétimo mês consecutivo na comparação anual indica que "o pior em termos de demanda por aço já passou".

As compras dos distribuidores em dezembro subiram para 202 mil toneladas, um crescimento de 15 por cento sobre o mesmo mês de 2015, segundo os dados do Inda.

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