Reversão do "tsunami monetário" levou a presidente Dilma Roussef a telefonar a seu colega chinês em junho, para discutir uma "ação coordenada" para compensar a forte apreciação do dólar norte-americano (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2013 às 11h37.
Brasília - Os planos das principais economias emergentes do mundo de unirem forças para enfrentarem a batalha mais recente de turbulência financeira global podem ficar, mais uma vez, apenas na ideia, na reunião do G20 em Moscou nesta semana.
Um êxodo de capital proveniente de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, provocados por uma esperada redução do estímulo monetário dos Estados Unidos, tem levantado temores sobre a condição de suas economias, que já estão perdendo parte de sua força.
A reversão do "tsunami monetário" - a maneira como o Brasil chamou a inundação de dinheiro barato dos países desenvolvidos - levou a presidente Dilma Roussef a telefonar a seu colega chinês em junho, para discutir uma "ação coordenada" para compensar a forte apreciação do dólar norte-americano.
De fato, há razões para os Brics se preocuparem. Saídas maciças de capital têm enfraquecido suas moedas, elevando as pressões inflacionárias e forçando Brasil e Índia a apertarem a liquidez em um momento em que suas economias estão tendo desempenho abaixo da média.
A reunião dessa semana das 20 principais economias mundiais era para ser o palco para os Brics discutirem e proporem medidas conjuntas para limitar o impacto de uma moeda mais forte.
Entretanto, ao contrário de seus correspondentes mais ricos no G7, os Brics ainda estão longe de coordenar a política monetária ou de intervir em conjunto nos mercados de câmbio.
Os Brics surpreenderam muitos ao começarem a trabalhar em um fundo de reserva de 100 bilhões de dólares e um banco de desenvolvimento conjunto para remodelar a arquitetura financeira global, há muito tempo dominada pelas nações ricas. Essas novas instituições ainda levarão algum tempo para se materializarem.
O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, admitiu em entrevista com a Reuters que as discussões por medidas para proteger os Brics das forças globais estão caminhando lentamente.
Outra autoridade dos Brics na reunião do G20 em Moscou trata o assunto de um modo mais direto. "Não há discussões dentro dos Brics sobre as medidas para combater um dólar mais forte... Nós apenas queremos garantir o que tínhamos concordado anteriormente." Além das promessas de acelerar a criação do banco e do fundo de reservas, os Brics terão novamente pouco para mostrar durante a reunião do G20.
Em sua última cúpula na África do Sul neste ano, os Brics, que representam um quinto da economia global, desapontaram muitos com o que pareceu ser uma falta de convicção para criar novas instituições.
As autoridades dos Brics minimizaram as críticas, dizendo que leva tempo para construir instituições sólidas. Alguns analistas apontam para os desentendimentos dentro de um grupo bastante diverso como a causa para o atraso.
O fundo de reservas deve ser formalmente anunciado na cúpula dos Brics no Brasil no próximo ano e o banco pode levar anos para começar a emprestar dinheiro.
O Brasil, uma das principais forças por trás dos projetos, não enviou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o G20 nessa semana, para que, em vez disso, ele pudesse se concentrar em problemas domésticos.