Máquinas trabalhando em produção: para diretor de competitividade da Abimaq, Mario Bernardini, diante deste cenário fica cada mais vez difícil fazer projeções (Dave Kaup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 16h11.
São Paulo - O chefe do gabinete da presidência da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Lourival Junior, que a situação do setor de máquinas e equipamentos é tão grave que o faturamento interno do setor, retirando o resultado proveniente das exportações, está na mesma linha e até abaixo do que o faturamento no auge da crise de 2008.
"Na crise de 2008, estávamos faturando mais do que agora. Nosso setor está vendendo a preço de custo para não ficar parado", afirmou.
Segundo ele, a partir do fim do ano passado os preços de máquinas e equipamentos passaram a crescer menos do que a variação dos custos reduzindo ainda mais a margem do setor.
"Tivemos um pequeno crescimento na produção física, comprometendo margem. O empresário está comprometendo o seu resultado para rodar as fábricas", reforçou.
Para o diretor de competitividade da Abimaq, Mario Bernardini, diante deste cenário fica cada mais vez difícil fazer projeções.
"Tínhamos esperança de repetir os resultados de 2013, não vamos, vai haver uma queda no faturamento. Não creio que a queda seja de dois dígitos, mas posso estar enganado", afirmou. "Nossa bola de cristal está meio enevoada", brincou.
No primeiro trimestre do ano, segundo a Abimaq, o faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos foi de R$ 16,319 bilhões, 9,5% inferior ao mesmo período de 2013.
"Apesar das quedas nas exportações em março (na comparação com fevereiro), foram elas que impediram uma queda ainda maior no faturamento do setor", afirmou Lourival.
Nos últimos três anos, destaca Bernardini, o faturamento do setor tem encolhido em média 7% ao ano e entre 2012 e 2014 "já apresenta uma redução acumulada no trimestre de 21,13%".
Déficit
A redução do déficit comercial do setor, que em março caiu 19,6% na comparação com fevereiro e teve redução de 17,9% ante o mesmo período de 2013, segundo Lourival, é explicada mais em função da queda das importações do que o aumento das exportações.
"Não é uma boa notícia uma eventual redução do déficit, porque significa que o Brasil está deixando de investir. Na realidade, as duas linhas são decrescentes", afirmou.
Segundo Lourival, a sinalização do governo de segurar a inflação por meio do câmbio pode piorar ainda mais o déficit comercial do setor. "O câmbio pode abortar esse sentimento de retomada das exportações", afirmou.
Para Bernardini, o desempenho do setor nas exportações vai depender do câmbio e da demanda dos países importadores, como os Estados Unidos.
"Se os EUA crescerem por volta de 3% como se tem estimado, é possível que ajude o setor, independente do câmbio", ponderou.
Lourival explicou ainda que o fato de as exportações apresentarem crescimento de 27,8% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2013 e o resultado corresponder a 46,5% do faturamento total do setor, bem acima da média histórica de 32%, se deve basicamente porque "as exportações estão melhores e o faturamento está pior". "Por isso, esse alto porcentual de participação."
No acumulado do primeiro trimestre, o faturamento bruto do setor caiu 9,5% quando comparado com o mesmo período de 2013, para R$ 16,319 bilhões.
Já as exportações no período somaram US$ 3,192 bilhões.