Primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2017 às 06h45.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h08.
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe iniciou neste fim de semana uma viagem de quatro dias à Europa, e nesta terça-feira, vai a Bruxelas se encontrar com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A expectativa é que as conversas façam avançar um acordo de parceria econômica negociado entre a Europa e os japoneses desde 2013.
Juncker já afirmou que quer concluir o acordo “neste ano”. Nos últimos dias, Abe se reuniu com a chanceler alemã Angela Merkel em Berlim e com o presidente francês François Hollande em Paris. Merkel e Hollande reiteraram a importância do comércio “livre”, “aberto” e “sem nenhuma barreira”.
O Japão é o segundo maior parceiro comercial da União Europeia na Ásia, atrás apenas na China. Em 2016, a Europa importou 66,4 bilhões de euros em produtos japoneses e exportou 58,1 bilhões de euros. Juntos, os dois representam mais de 30% do comércio mundial. No acordo bilateral, a principal exigência dos europeus é o fim das tarifas japonesas para carne de porco e queijos, enquanto o Japão quer facilitar a entrada de seus eletrônicos na Europa.
A negociação, que já teve 17 rodadas, ganhou fôlego com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Desde que assumiu, em janeiro, Trump retirou o país do TPP — acordo comercial liderado por Estados Unidos e Japão, que envolvia 12 países e 40% do PIB mundial.
Por outro lado, o interesse europeu no Japão é um ponto negativo para o Mercosul de Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Representantes de UE e do Mercosul se reuniram nesta segunda-feira em Buenos Aires, e os europeus afirmaram que nenhum acordo deve ser fechado antes de 2018. O principal entrave é a entrada de produtos agrícolas sul-americanos na Europa. O tratado vem sendo negociado desde 1998.
Num cenário em que a maior economia do mundo parece virar as costas para os parceiros comerciais, a União Europeia quer se mostrar como alternativa ao livre-comércio. E o Japão, maior viúva do TPP, é um parceiro importante. Os dois lados têm a ganhar. E o Mercosul também, se tudo der certo.