Economia

A solução para a crise do transporte? Cidades compactas

Chega de construir novas rodovias, pontes e viadutos — só a vida mais compacta e sustentável aliviará o trânsito, diz Elkin Velasquez, diretor da Onu-Habitat

Elkin Velasquez, diretor do escritório regional para América Latina Caribe do Onu Habitat, no Fórum EXAME (Beatriz Souza)

Elkin Velasquez, diretor do escritório regional para América Latina Caribe do Onu Habitat, no Fórum EXAME (Beatriz Souza)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 19h17.

São Paulo - Qual a melhor solução para a crise da mobilidade urbana nas cidades? Não, o alívio não virá da construção de novas rodovias, pontes e viadutos, iniciativas mais comuns postas em práticas pelos governantes.

Para Elkin Velasquez, diretor do escritório regional para América Latina e Caribe do Onu-Habitat, a solução passa menos pelas mãos e mentes dos engenheiros de transportes e mais pelos planejadores urbanos.

Durante participação no EXAME Fórum Sustentabilidade, que acontece em São Paulo, nesta terça, o especialista da ONU apontou o que considera ser a saída para o problema da mobilidade: cidades sustentáveis compactas, conectadas, integradas e inclusivas.

"Nos últimos 50 anos, nós desenvolvemos as cidades de maneira estendida e parcelada, com áreas comerciais, industriais, tudo separado, mas conectado por rodovias, o que exige deslocamentos mais longos. Isso não é sustentável nem do ponto de vista econômico, nem social, nem ambiental", afirmou.

Segundo ele, é preciso encontrar um modelo de expansão sustentável. "Vamos fazer cidades mais compactas. Compactas, mas organizadas. Compactas, mas planificadas", explicou.

Cidades compactas e sustentáveis

Mas o que define cidades compactas e sustentáveis? De acordo com o diretor da ONU, são regiões onde viagens diárias sejam curtas, com foco no desenvolvimento de áreas adjacentes às cidades existentes. Uma cidade que concilia densidade e capacidade de trânsito. Uma cidade que se debruça sobre um Plano Diretor e áreas TOD (Desenvolvimento Orientado para o Trânsito).

A criação de densas redes de ruas e trajetos são outra caraterística importante. "Em geral, as cidades carecem de ruas bem conectadas que facilitem o fluxo de veículos e de outros meios de transportes", disse. Na América Latina, onde os bairros se desenvolveram de forma informal, há uma grande oportunidade para essa mudança.

A cidade integrada, diz o diretor da ONU, estimula o uso misto dos bairros, o equilíbrio entre moradias e serviços, com provisão de uma variedade de parques e espaços ao ar livre.

"Aqui o que funciona é a economia local, distribuída em diferentes bairros, para que os moradores possam encontrar o que querem sem depender muito do transporte público", sublinhou.

Cidades inclusivas devem ainda desenvolver bairros que estimulem a caminhada. Encurtar cruzamentos e enfatizar a segurança e conveniência da caminhada. "Uma cidade não é igualitária quando constrói ruas para serem ocupadas 80% por único modal", critica Velásquez.

Por fim, a cidade inclusiva implica pensar na maioria e como desenhar a cidade para priorizar a maioria, de forma a melhorar a qualidade do espaço público.

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