Economia

A.L. deve deixar de depender da China , diz Alejandro Toledo

"Cada ponto percentual do PIB da China que cai tem um impacto negativo de 1,5% na economia da América Latina", disse o ex-presidente peruano


	Yuan: "a América Latina é um continente promissor que foi castigado e benzido com muitos recursos naturais e que depende agora da economia chinesa", disse Toledo
 (Getty Images)

Yuan: "a América Latina é um continente promissor que foi castigado e benzido com muitos recursos naturais e que depende agora da economia chinesa", disse Toledo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2013 às 14h58.

Sydney - O ex-presidente peruano Alejandro Toledo indicou neste sábado que a América Latina deve se desfazer da dependência econômica que tem com a China para resistir à desaceleração do gigante asiático e se apressar para dar um salto qualitativo para seguir crescendo e derrotar a pobreza.

"Cada ponto percentual do PIB da China que cai tem um impacto negativo de 1,5% na economia da América Latina", ressaltou Toledo durante uma entrevista telefônica com a Agência Efe desde a cidade australiana de Coolum, onde participa neste fim de semana da Conferência Anual do Clube de Madri.

"A América Latina é um continente promissor que foi castigado e benzido com muitos recursos naturais e que depende agora da economia chinesa", país cujo crescimento diminuiu de 10% a 7%, comentou o ex-presidente do Peru (2001-2006).

"Ainda há um colchão, mas a variável chave é o tempo", alertou o também autor de vários livros sobre economia ao assinalar a necessidade de diversificar a economia, assim como as fontes de financiamento para não depender de uma só fonte como os Estados Unidos, China e ou a União Europeia.

O político vislumbrou uma América Latina menos dependente da exploração de minerais e recursos energéticos, onde se impulsione o desenvolvimento de outros setores como a agroindustrial, a manufatura e o ecoturismo, que "têm mão de obra intensiva e não depende de fatores externos aos quais somos vulneráveis".

"A América Latina tem que ser capaz de dar o salto qualitativo para diversificar a economia e investir agressivamente na redução da pobreza e da desigualdade", assegurou o líder do partido Peru Possível, ao pedir maiores investimentos para brindar serviços de água potável e desaguamento às povoações mais remotas e sobretudo educação de qualidade.

Atualmente na América Latina, que cresce em média 5% , e concretamente no Peru, cuja economia se expande entre 6% e 9%, "não estão sendo distribuídos" os benefícios, o que gera um maior descontentamento social, comentou Toledo.

Apesar de sua loquacidade com relação à economia latino-americana e uma homenagem ao falecido presidente sul-africano Nelson Mandela, Toledo se mostrou muito reservado sobre o chamado caso "Ecoteva" vinculado à investigação pelas milionárias compras imobiliárias de sua sogra Eva Fernenbug.

"Estou muito longe e está em mãos dos meus advogados e do Poder Judiciário. Sou muito respeitoso com as instituições", se limitou ao dizer o político peruano.

Toledo participa junto a líderes e especialistas mundiais da Conferência Anual do Clube de Madri realizada no complexo turístico do deputado e magnata mineiro, Clive Palmer, que também é secretário-geral conjunto da Aliança de Liderança Mundial.

Na conferência chamada "Sociedades que trabalham. Empregos para o crescimento inclusivo: uma chamada ao G20", também participam por vídeoconferência o presidente de honra do Clube de Madri, Bill Clinton, e o membro honorário e ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, entre outras personalidades.

A conferência também contará com a participação dos ex-presidentes da Bolívia, Jorge Quiroga; do México, Felipe Calderón; e do Chile, Ricardo Lagos; junto à máxima autoridade em Mudança Climática da ONU, Christiana Figueres, e altos funcionários do Banco Mundial e a Organização Internacional de Trabalho. EFE

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