Paisagem da Islândia: os visitantes na ilha aumentaram 38 por cento entre 2010 e 2012 (John Lauerman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2013 às 15h06.
Os elfos e os glaciares da Islândia estão ajudando a ilha a reviver depois do fracasso de sua empreitada no mundo das finanças.
Depois que o colapso dos seus três maiores bancos em 2008 deixou sua economia destruída, a nação nórdica está retomando o caminho do crescimento – enviando sua frota pesqueira a trabalhar em números recorde e exibindo seus glaciares e vulcões para atrair turistas. Os islandeses também estão aproveitando o folclore da Islândia, como lar de elfos e outros espíritos, para obter divisas estrangeiras.
Ajudados por uma desvalorização da coroa islandesa de cerca de 90 por cento, desde 2007, os esforços estão rendendo frutos. Os visitantes na ilha aumentaram 38 por cento entre 2010 e 2012, chegando a 673.000, no ano passado, mais do que o dobro da população local. O boom está gerando novos negócios turísticos, cujo número aumentou 41 por cento desde 2008, segundo a Statistics Iceland.
O turismo representou 6,2 por cento do PIB, no ano passado, 0,9 pontos porcentuais acima do registrado em 2011 e 1,7 ponto porcentual a mais que em 2010, segundo Arnar I. Jonsson, economista na Landsbankinn hf. Na Irlanda, o turismo representa aproximadamente 2,7 por cento do PIB. A indústria está gerando uma receita vital para a economia de US$ 14 bilhões enquanto a Islândia procura atrair investimentos estrangeiros e eliminar os controles de capitais impostos em 2008 depois que a coroa islandesa despencou 80 por cento frente ao euro.
Há uma “corrida do ouro” dos turistas, disse Sigurdur Smari Gvlfason, quem trabalhou nas finanças corporativas e agora possui uma locadora de carros.
O governo está procurando obter uma maior parte da receita gerada pelo boom, em parte para garantir que a natureza da Islândia não sofra danos, disse a Ministra de Turismo, Ragnheiður Elin Árnadóttir, em uma entrevista, este mês.
Desenvolvendo
“Gostaríamos de espalhar o número de visitantes para mais lugares, o que nos permitiria desenvolvê-los”, disse Árnadóttir. “Precisamos de financiamento e gerar mais receita com aqueles que visitam a Islândia. Mas temos que atingir um equilíbrio para não ficar fora do mercado”.
A ilha foi elogiada pelo que a Fitch Ratings chamou de forma “pouco ortodoxa” de lidar com sua crise, que começou recusando-se a resgatar seus bancos e desde então fez algumas das maiores reduções de dívidas de hipotecárias do mundo. Essa linha dura é considerada como exemplar pelo FMI, que liderou um resgate de US$ 4,6 bilhões em 2008 e agora afirma que a recuperação econômica está “bem fundada”.
Contudo, os controles de capital, que o governo está lutando para eliminar progressivamente, estão bloqueando a entrada da maioria dos investimentos estrangeiros. O anterior governo, derrotado nas eleições de abril, também rejeitou as tentativas do bilionário chinês Huang Nubo para construir um resort pela preocupação com ter proprietários estrangeiros.
Investimentos necessários
São necessários investimentos para sustentar o impulso e fazer com que os benefícios do turismo durem o ano todo, disse Bjorgolfur Johannsson, presidente do Icelandair Group hf, que opera uma linha aérea e uma cadeia de hotéis.
Johannsson pensa que a Islândia poderá dobrar ou triplicar o número de visitantes.
No ano passado, o número de quartos de hotéis aumentou 6,9 por cento, totalizando 22.525 em 368 hotéis, segundo o Comitê de Turistas.
A Landsbankinn estima que o país tenha que investir 24 bilhões de coroas islandesas (US$ 202 milhões) até 2020 para criar 1.600 quartos somente em Reykjavík para não ficar atrás do acréscimo nas visitas.
“A Islândia não se vendeu”, disse Johannsson em entrevista em 1 de agosto, após anunciar o começo da construção de um hotel de 142 quartos em Reykjavík. “Há oportunidades em várias partes do país”.