Economia

A Índia e o dilema do PIB

Quando a Índia divulgar hoje seu relatório preliminar do PIB anual do país, que se encerra oficialmente no dia 31 de março, economistas terão a difícil missão de analisar duas coisas. A primeira é o impacto de uma nova política monetária do governo. A segunda é descobrir se os números apresentados são reais. Em novembro, […]

INDIA: plano do governo de substituir notas paralisou a economia / Keith Bedford/Getty Images

INDIA: plano do governo de substituir notas paralisou a economia / Keith Bedford/Getty Images

DR

Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 20h11.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h34.

Quando a Índia divulgar hoje seu relatório preliminar do PIB anual do país, que se encerra oficialmente no dia 31 de março, economistas terão a difícil missão de analisar duas coisas. A primeira é o impacto de uma nova política monetária do governo. A segunda é descobrir se os números apresentados são reais.

Em novembro, o premiê Narendra Modi surpreendeu a população ao anunciar a retirada e substituição de cerca de 86% do papel moeda em circulação. A medida – que incluiu o fim das notas de maior valor, de 500 e 1.000 rúpias – é uma tentativa do governo de combater a corrupção e o terrorismo. O problema é que ao retirar grande parte do dinheiro de circulação o governo deixou as pessoas com poucas notas para gastar, levando a atividade econômica praticamente à paralisia.

Para tentar amenizar o caos, o governo anunciou em meados de dezembro um gasto adicional de 600 bilhões de rúpias (cerca de 9 bilhões de dólares) nas contas públicas – o que inclui um aumento de 10% em um programa de empregos rurais – no ano fiscal que termina em março. Esse gasto adicional foi visto por economistas como extremamente necessário – já que a proibição de dinheiro diminuiu o investimento privado e atrapalhou o crescimento do país.

Mesmo com essa liberação, a expectativa de especialistas é de que a economia apresente um crescimento de 6,5% nos dados preliminares desta sexta-feira – abaixo dos 7,6% do ano anterior. Qualquer número superior a este pode levantar mais suspeitas sobre a confiabilidade dos dados econômicos indianos.

Um relatório do governo norte-americano divulgado em junho do ano passado se juntou ao coro de economistas que contestam a afirmação da Índia de ser a economia de maior crescimento do mundo, afirmando que seus números são “exagerados”. Segundo o relatório da Secretaria de Assuntos Econômicos e Empresariais do Departamento de Estado dos EUA, a Índia tem sido “lenta em propor outras reformas econômicas que combinassem com sua retórica”. Ao que parece, a reforma monetária de Modi não ajudou.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteExame Hoje

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto