Economia

A Argentina segue a marcha rumo à recessão

Segundo analistas, país deve terminar o ano em recessão de 1,2%, numa queda brusca frente ao 2017, quando avançou 2,7%

PROTESTO CONTRA MACRI: crise prejudica perspectivas eleitorais de Macri, que tentará reeleição em outubro de 2019

PROTESTO CONTRA MACRI: crise prejudica perspectivas eleitorais de Macri, que tentará reeleição em outubro de 2019

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2018 às 06h57.

Última atualização em 19 de setembro de 2018 às 09h10.

A quarta-feira pode ser mala ou pode ser horrible para o governo do presidente argentino, Mauricio Macri. Hoje serão divulgados os números do PIB para o segundo trimestre, e analistas estão longe do otimismo. Segundo analistas do LatinFocus, o país deve terminar o ano em recessão de 1,2%, numa queda brusca frente ao 2017, quando avançou 2,7%.

A Argentina sofre a combinação de uma crise cambial que tirou este ano metade do valor do peso com uma das maiores secas em 50 anos, que prejudica as exportações agrícolas. Com as finanças fora de controle, o governo não consegue controlar a inflação, que subiu 34% nos últimos 12 meses.

Segundo a última edição de EXAME, o governo argentino paga o preço de ter demorado tempo demais para cortar gastos e equilibrar as contas do governo. Quando as medidas duras começaram a ser adotadas, já era tarde demais, apostando que a volta do crescimento seria suficiente para equilibrar as contas. Mas um aumento na taxa de juros americanos tirou investimento de países emergentes e mostrou que os argentinos estavam nadando sem roupa de banho.

Macri vem buscando soluções de emergência. Em junho a Argentina concordou em cortar gastos públicos em troca de uma linha de crédito de 50 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional. Com o peso ainda em queda livre, o banco central elevou mês passado as taxas de juros em 60%. Ainda não foi suficiente, o que levou Macri a bater à porta do FMI pedindo, no início do mês, uma antecipação dos recursos.

O recrudescimento da crise prejudica as perspectivas eleitorais de Macri, que tentará reeleição em outubro de 2019. Sua esperança, hoje, reside na crise particular por que passa sua principal adversária política, a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner. Ontem, ela prestou depoimento num processo que a acusa de lavagem de dinheiro e fuga de capitais. Foi a oitava vez que Cristina prestou depoimento sobre um caso de corrupção e chegou a ter a prisão pedida. Safou-se pela imunidade parlamentar.

O drama argentino não tem fim à vista.

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