Economia

87% dos venezuelanos não têm dinheiro para comprar comida

Inflação, recessão e escassez deixam venezuelanos em crise alimentar e dezenas de protestos e saques pipocam ao redor do país, diz matéria do New York Times

Protesto por comida em Caracas, na Venezuela: o país vive uma crise alimentar (Carlos Becerra/Bloomberg)

Protesto por comida em Caracas, na Venezuela: o país vive uma crise alimentar (Carlos Becerra/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 21 de junho de 2016 às 12h40.

São Paulo - 87% dos venezuelanos dizem não ter dinheiro para comprar comida suficiente, de acordo com o último levantamento da Universidade Simón Bolívar.

O número aparece em uma matéria de Nicholas Casey no The New York Times que descreve a situação dramática no país.

Na semana passada, um adolescente de 17 anos morreu no estado de Mérida durante protestos por alimentos que acabaram gerando saques e enfrentamento entre manifestantes e policiais.

Pelo menos 5 pessoas já morreram nos 50 distúrbios por comida que o país registrou só nas últimas duas semanas, diz a matéria. Carregamentos de comida são protegidos por armamento pesado.

Segundo o Observatório Venezuelano de Conflito Social, nos primeiros cinco meses de 2016 foram registrados 254 roubos ou tentativas de roubo de comida. A falta de alimentos básicos é de 80%, segundo a empresa Datanálisis.

72% da renda mensal está sendo gasta com comida, segundo um grupo de pesquisa associado com a Federação de Professores, e uma família precisa do equivalente a 16 salários mínimos apenas para se alimentar.

Cenário

A economia da Venezuela entrou em colapso após anos de controle cambial e de preços que impedem os importadores de pagar suas obrigações e levaram a prateleiras vazias.

O setor produtivo parou e o FMI projeta que o país vá fechar esse ano com inflação de 700% e recessão de 8% (a pior entre os 190 países monitorados).

A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do planeta e perdeu a capacidade de se financiar desde que o preço do produto desabou no final de 2014 (um calote pode estar no horizonte).

A resposta do governo de Nicolas Maduro tem sido a culpar empresários e negócios pelo que chama de "guerra econômica", além de cortes nos serviços públicos e na energia elétrica. 

A oposição controla o Legislativo desde as eleições de dezembro e está tentando validar um referendo para retirar Maduro. O processo está sendo sabotado a cada estágio e é acompanhado de perto pela comunidade internacional.

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