PIB: O Itaú Unibanco elevou sua projeção para o PIB do Brasil em 2022 de 1,6% para 2% (Paulo Whitaker/Reuters)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 4 de julho de 2021 às 08h30.
Os brasileiros estão sentindo na mesa do café, do almoço e do jantar os reflexos da inflação, que registrou aumento de 0,83% em maio em comparação com o mês anterior, a maior alta mensal em 25 anos. Para 86%, itens básicos, como alimentos e bebidas, foram os que mais subiram de preço. Por conta disso, 63% disseram que mudaram hábitos alimentares para equilibrar o orçamento.
Os números são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.248 pessoas entre os dias 28 de junho e 1° de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
Para Maurício Moura, fundador do IDEIA, a alta dos preços dos alimentos é percebida não só pela população de baixa renda, como de média e de alta. Nas classes A e B, a percepção de que os itens de alimentação estão mais caros chega a 88%. Entre as pessoas que ganham de três a cinco salários, este número vai a 92%.
“Os itens que mais têm afetado a vida das pessoas são alimentos e bebidas. Quando olhamos o segmento de renda média e alta, eles têm sido bastante afetados por esses dois itens e também os combustíveis. É interessante notar que, comparado com as pesquisas anteriores, a energia elétrica também tem se colocado em uma percepção de aumento de preço bastante relevante para a opinião pública”, diz.
Em um encontro com empresários do setor de alimentação do Rio de Janeiro, realizado no meio de junho, o presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer um apelo para que eles segurassem os preços.
O fundador do IDEIA também pontua que o tema da inflação deve ser frequente nos próximos meses e entrar no debate político da corrida presidencial de 2022. “É um assunto generalizado e vai ser de muita discussão tanto do governo quanto da oposição”, afirma.
A pesquisa EXAME/IDEIA também questionou os brasileiros sobre o impacto do aumento de preços no dia a dia. Para 71%, o reflexo foi grande, 7% acham que não é relevante, e 22% nem concordam nem discordam. Para o futuro, 52% acreditam que os preços vão continuar aumentando.
“Isso é muito ruim do ponto de vista de gestão de preços. Quando os agentes econômicos e a opinião pública acham que os preços vão aumentar, eles aumentam naturalmente. A pesquisa trouxe mais um elemento que mostra que essa preocupação não é só de agora, mas do futuro também”, diz Maurício Moura.
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