São Paulo - Joaquim Levy está de saída do Ministério da Fazenda. De acordo com relatos, o ministro apresentou sua demissão à presidente Dilma há algum tempo, mas concordou em esperar a definição de seu substituto definido para sair de vez Só que nesta quinta-feira, Levy encerrou sua participação em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) dizendo que não estaria no próximo encontro, marcado para dia 21 de janeiro. Mais tarde, em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, não deu data para sua saída, mas falou como se já não fosse parte do governo. Estes sinais fizeram acelerar a máquina de rumores. De acordo com a Folha, o novo ministro pode ser anunciado já hoje ou no máximo, na próxima semana. Vem aí uma solução política ou um filho do mercado financeiro? Veja alguns dos nomes citados:
2. Nelson Barbosa, ministro do Planejamentozoom_out_map
2/9(Wilson Dias/Agência Brasil)
Atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa é PhD em Economia pela New School for Social Research de Nova York e professor titular da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele foi Secretário de Acompanhamento Econômico (2007-08), Secretário de Política Econômica (2008-10) e Secretário executivo do Ministério da Fazenda (2011 a 2013). Seu nome já havia circulado como possibilidade para a Fazenda pós-Mantega. Barbosa tem proximidade com Dilma e experiência de governo, mas os mercados temem que esta "solução interna" signifique relaxamento da ortodoxia. Em disputas com Levy, Barbosa ficou no lado de metas mais flexíveis e cortes menos severos nos gastos públicos.
3. Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exteriorzoom_out_map
3/9(Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Natural de Recife, Armando Monteiro já foi deputado federal três vezes e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele tem bacharelado em direito pela Universidade Federal de Pernambuco e curso de Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Monteiro é senador licenciado pelo PTB e está no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior desde o início do ano. Seu nome vem sido cotado para a Fazenda por ser uma solução "de dentro" e com boa circulação nos meios políticos. De acordo com o Estado, a decisão seria apoiada por Renan Calheiros, presidente do Senado e peça chave no processo de impeachment. Monteiro também poderia ir para o Planejamento caso Barbosa fosse para a Fazenda.
Senador pelo PMDB de Roraima, Romero Jucá já foi governador do estado e também passou brevemente pelo Ministério da Previdência Social no governo Lula. Ele é formado em economia pela Universidade Católica de Pernambuco e fez pós-graduação em engenharia econômica. Jucá é outro que pode ser transferido para o Planejamento no caso da escolha de Barbosa. Sua vantagem: as boas relações políticas. Sua fraqueza: seu nome já foi citado na Lava Jato.
Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no governo Lula e atual presidente do Insper, também foi citado por reportagem da Folha como um nome cotado para entrar no lugar de Levy. Ele é um crítico ferrenho das políticas da chamada "nova matriz econômica", mas também costuma lembrar o papel que o setor privado teve na construção da crise: "É profundamente injusto dizer que a culpa é só do governo. Essa agenda foi defendida durante anos por interesses empresariais. Foi aplaudida em praça pública no começo de 2009, dizendo que levaria a um aumento do investimento e tiraria o país da crise internacional. (...) É verdade que o governo é incompetente, mas não agiu sozinho. Muitos dos que hoje criticam apoiaram as medidas que levaram a economia à situação em que está".
6. Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Centralzoom_out_map
6/9(Paulo Whitaker/Reuters)
O goiano Henrique Meirelles tem boa circulação no mercado internacional e foi o presidente de Banco Central mais longevo da história do Brasil: ficou durante todo o governo Lula, entre o início de 2003 e de 2011. Ex-filiado ao PSDB e atualmente no PMDB, Meirelles é próximo do ex-presidente Lula, que segundo a imprensa faz campanha há meses para que ele entre no lugar de Levy. O problema, também segundo fontes da imprensa, é que Dilma e ele não tem uma boa relação e Meirelles só aceitaria o posto com a promessa de autonomia total.
7. Otaviano Canuto, diretor-executivo para o Brasil no FMIzoom_out_map
7/9(Agência Brasil)
Canuto já foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, professor da Unicamp e vice-presidente e assessor sênior para economias emergentes do Banco Mundial, onde ficou mais de 10 anos. Seu nome chegou a ser cotado para a Fazenda pós-Mantega, assim como para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Desde maio, ele é diretor-executivo para o Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional). Segundo Cristiana Lôbo, do G1, ele "chegou a ser sondado, mas recusou" o ministério. Em entrevista para EXAME.com em setembro, ele disse que "sem segurança nas regras do jogo e em relação a gestão macroeconômica, os investidores permanecem retraídos e não embarcam em programas de alavancagem patrimonial. Um novo padrão tem que voltar a cuidar muito bem da estabilidade macro e principalmente da melhora do ambiente de negócios, que no plano micro continua ruim."
8. Jaques Wagner, ministro da Casa Civilzoom_out_map
8/9(Wilson Dias/Agência Brasil)
Jaques Wagner é ministro da Casa Civil desde outubro, já foi deputado federal três vezes, governador da Bahia entre 2007 e 2014 e ministro do Trabalho no governo Lula e da Defesa no governo Dilma. Em visita à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) nesta sexta-feira, ele disse que "quem banca a politica econômica não é o ministro da Fazenda, é a presidente" e "se ilude quem aponta o fuzil para este ou aquele ministro". De acordo com o jornal O Globo, seu nome é cotado para a Fazenda. Hoje, ele brincou: "Vim pedir as bençãos da CNBB, já que soube que fui indicado para ministro da Fazenda". Sua formação não é em economia: nos anos 70, Wagner estava cursando engenharia civil na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro quando passou a ser perseguido pela ditadura militar e deixou a cidade.
Luiz Marinho afirmou, contudo, que PEC em discussão na Câmara precisa ser debatida 'com cautela'; no início da semana, pasta defendeu negociação em convenção coletiva