São Paulo - O Brasil não foi o único país do mundo onde as perspectivas econômicas foram piorando ao longo de 2014. A América Latina inteira desacelerou, com destaque para o calote argentino e o quase-calote venezuelano. Na Europa, não faltam exemplos de estagnação ou de claro declínio. A dobradinha Rússia-Ucrânia, que movimentou o mundo da política, também afundou em recessão e crise cambial. Clique nas fotos para ver quais foram os 6 países que não guardarão boas memórias de 2014:
Na primeira semana de janeiro de 2014, o mercado esperava que o Brasil fechasse o ano com inflação de 6% e crescimento de 2,28%. Vai terminar com inflação quase no teto da meta e crescimento praticamente nulo. O emprego e a renda ainda resistem, mas o mesmo não pode ser dito das contas públicas, da cotação do real, do endividamento, da indústria e da balança comercial. O consolo é que com a promessa de ajuste fiscal e reorientação da política econômica, 2015 pode fazer a trajetória contrária e pelo menos terminar melhor do que vai começar.
2014 foi o ano em que a Argentina entrou em calote pela 8ª vez na sua história moderna, resultado de um processo judicial nos Estados Unidos movido por fundos que não reconhecem os termos de renegociação da dívida. O juiz decretou o pagamento imediato, mas o país disse que não podia correr o risco de acabar com suas reservas ou se abrir a processos da maior parte dos credores, que aceitaram receber menos em 2005 e 2010. O impasse continua e não há ministro bonitão que resolva. Enquanto isso, o país entrou em recessão econômica e continou adotando medidas que aumentam o controle sobre o setor privado.
É difícil dizer o quão mal vai a Venezuela - afinal, o governo de Nicolas Maduro passou o ano inteiro sem revelar nenhum dado oficial sobre crescimento. Não é um sinal auspicioso para um país marcado por tensões políticas, inflação galopante e escassez de produtos básicos (e não tão básicos assim, como o implante no seio). Não bastasse o caos econômico, a Venezuela ainda teve que lidar em 2014 com uma queda brutal dos preços de petróleo, seu principal produto de exportação. As contas públicas se deterioram rapidamente e aumentaram ainda mais o risco de calote.
Prestes a completar 40 anos, Matteo Renzi é o primeiro-ministro mais novo da história da Itália, mas seus esforços para flexibilizar o mercado de trabalho e conseguir permissão da União Europeia para gastar um pouco mais não tem dado resultado. A terceira maior economia da zona do euro não cresce desde 2011 e está afundando sob o peso de deflação, desemprego e uma população que envelhece, não gasta e não arrisca. No começo de dezembro, a nota da dívida do país foi rebaixada pela Standard & Poor's. O perigo atual é que os italianos migrem para partidos radicais com plataformas xenófóbicas e que defendem a saída do euro, um cenário difícil até de imaginar.
Protestos sangrentos, um presidente retirado do poder, territórios invadidos, militantes separatistas, um avião civil abatido e crises de abastecimento de energia. Com um ano desses, nem um pacote do FMI e nem a ajuda dos países ocidentais puderam salvar a economia da Ucrânia, que está praticamente falida. O país, que já não crescia há dois anos, deve experimentar uma recessão de 7% a 8% em 2014. As reservas estão abaixo dos US$ 10 bilhões e a moeda só despenca - curiosamente, um processo parecido com o da Rússia, seu algoz.
Com sua invasão da Crimeia, Vladimir Putin ousou redefinir fronteiras na Europa e disparou o que alguns já chamam de nova Guerra Fria. É por essas e outras que a Rússia vai terminar o ano bem mais enrolada do que começou. A economia do país já estava sob o efeito de sanções quando foi pega de surpresa pela queda brutal dos preços do petróleo - seu principal produto de exportação e responsável por praticamente metade das receitas do governo. O rublo despencou, as reservas minguaram, a inflação disparou e não houve alta de juros que pudesse segurar o processo. O país vive hoje uma crise cambial plena e começa a afundar numa recessão - não seria demais prever que a Rússiavai marcar presença nesta lista em 2015 pelo terceiro ano consecutivo.
Luiz Marinho afirmou, contudo, que PEC em discussão na Câmara precisa ser debatida 'com cautela'; no início da semana, pasta defendeu negociação em convenção coletiva