Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central: até onde vão os cortes da Selic? (Germano Luders/Exame)
João Pedro Caleiro
Publicado em 9 de maio de 2018 às 15h05.
Última atualização em 9 de maio de 2018 às 16h12.
São Paulo - Na próxima quarta-feira (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia sua decisão sobre a taxa de juros.
De acordo com o último Boletim Focus, o mercado espera um novo (o último) corte de 0,25 ponto percentual, o que levaria a taxa de 6,5% para 6,25%.
Afinal, o BC expressou na sua reunião de março, e na sua comunicação desde então, que havia espaço para mais um corte da Selic neste ciclo.
Mas em comunicado divulgado nesta terça-feira (08), o Bank of America Merrill Lynch avisou que diante do novo cenário, sua aposta agora é na manutenção da taxa.
Veja 5 motivos para a mudança:
1 - A incerteza global aumentou na margem
Os riscos cresceram em áreas como geopolítica, com um exemplo sendo a saída dos Estados Unidos do acordo com o Irã.
Além disso, as dúvidas sobre o nível dos juros e dos rendimentos nos Estados Unidos ajudaram a fortalecer o dólar e enfraquecer moedas de países emergentes.
"Vários bancos centrais de emergentes estão subindo taxas de juros e anunciando intervenções no mercado de câmbio para conter movimentos das moedas", nota o banco.
A instabilidade contribuiu até para a Argentina, que tem contas externas vulneráveis, pedir socorro ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
2 - Divergência entre política monetária e de câmbio
O Banco Central vem aumentando sua intervenção no mercado para suavizar as flutuações do real. Manter as taxas de juros inalteradas facilita neste processo, enquanto um novo corte faria pressão na outra direção, pelo menos no curto prazo.
3 - Maior incerteza doméstica
A eleição presidencial está cada vez mais próxima, mas as últimas pesquisas continuam sugerindo um cenário muito fragmentado e indefinido.
A dúvida sobre as políticas do próximo mandato são um fator de volatilidade nos mercados e um estímulo para o BC ser mais conservador.
4 - Pouco impacto de mais um corte de 0,25 ponto percentual
A inflação segue fraca e abaixo da meta, e os números de atividade econômica estão decepcionando, mas um novo corte teria pouco impacto sobre isso - tirando a possibilidade de que o BC sinalize ainda mais cortes no futuro.
5 - Situação atual já é expansionista
O próprio BC costuma citar que, no patamar atual, as taxas de juros já estão abaixo da linha neutra - ou seja, estimulando a economia.