Ivanpah Solar, maior usina solar do mundo: até 2040, as fontes renováveis devem responder por 60% da matriz energética (BrightSource Energy)
Vanessa Barbosa
Publicado em 26 de junho de 2015 às 15h42.
São Paulo - O mundo deve viver uma revolução na forma como gera e consome energia elétrica. Segundo estudo Energy Outlook (NEO), feito pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF), cerca de US$ 12,2 trilhões serão investidos na geração de energia mundial, entre 2015 e 2040.
As energias renováveis serão responsáveis por dois terços desse total. Até 2040, estima-se que as fontes de emissão zero respondam por 60% da matriz energética mundial, que hoje é dois terço composta por combustíveis fósseis.
E, falando neles, fontes como carvão e petróleo ainda estarão em alta, principalmente em países emergentes como China e Índia, o que mina as perspectivas de melhoras no combate ao aquecimento global.
Ainda assim, muitas mudanças prometem sacudir o tabuleiro energético mudial nos próximos 25 anos. Veja abaixo as cinco tendências principais identificadas pelo estudo.
A maior redução do custo da tecnologia fotovoltaica irá estimular uma onda de US$ 3,7 trilhões em investimentos em energia solar, tanto em grande quanto em pequena escala. O estudo prevê um aumento de 17 vezes da capacidade mundial de sistemas fotovoltaicos distribuídos, integrados em edifícios e residências. Saltaremos dos atuais 104 GW (gigawatts) para quase 1.8TW (terawatts) em 2040.
Isso será possível graças a uma queda de 47% no custo de projetos de energia solar por megawatt, à medida que aumentem as eficiências de conversão e a indústria passe a usar novos materiais e métodos de produção mais simplificados.
Em 2040, quase 13 por cento da eletricidade mundial será gerada a partir de sistemas solares de pequena escala, prevê a pesquisa.
Cerca de US$ 2,2 trilhões deste montante vão para sistemas distribuídos e outros sistemas fotovoltaicos locais, proporcionando aos consumidores e às empresas a capacidade de gerar sua própria eletricidade, armazená-la usando baterias e - em partes do mundo em desenvolvimento - ter acesso à energia pela primeira vez.
A entrada de tecnologias de eficiência energética em áreas como iluminação e ar condicionado ajudará a limitar o crescimento da demanda de energia global para 1,8% ao ano, uma queda de 3% ao ano entre 1990 e 2012. Nos países da OCDE (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a demanda de energia será menor em 2040 do que em 2014.
O gás natural não será o "combustível de transição" para afastar o mundo do carvão natural. O xisto norte-americano irá mudar o mercado de gás no mundo, mas a troca do carvão natural pelo gás será mais forte nos Estados Unidos. Muitas nações em desenvolvimento vão optar por uma vertente dupla de carvão e energias renováveis, dizem os analistas.
Apesar do investimento de US$ 8 trilhões em energias renováveis, haverá um legado de usinas de combustível fóssil e investimento suficiente em nova capacidade de queima de carvão natural nos países em desenvolvimento a ponto de minar as perspectivas de melhoras no combate ao aquecimento global.
Segundo a BNEF, as emissões globais de CO2 do setor de energia atingem um pico apenas em 2029 (veja no gráfico abaixo). Pior, em 2040, as emissões ainda estarão 13% acima dos níveis de 2014, a menos que uma ação política radical de redução de emissões seja tomada.