Logotipo da gestora BlackRock em um prédio de Nova York (Shannon Stapleton/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de julho de 2016 às 16h18.
São Paulo - A BlackRock, maior empresa de gestão de ativos do mundo, juntou recentemente 90 executivos e gerentes de portfólio para discutir perspectivas para a segunda metade do ano.
Eles chegaram em 3 temas e publicaram as conclusões no blog da empresa. Veja os destaques:
1. Taxas baixas e retornos baixos
70% dos títulos do governo no mundo desenvolvido dão retorno de 1% ou menos. Há uma semana, foi a vez da Alemanha emitir pela primeira vez títulos a 10 anos com juros negativos.
As taxas de juros estão no patamar mais baixo em mais de 5 mil anos, segundo uma nota recente do Bank of America Merrill Lynch (com os juros reais mais altos do mundo, o Brasil é ponto fora da curva).
"Isso significa que investidores que queiram retornos mais altos precisam considerar tomar mais risco, aumentando sua alavancagem ou indo para classes de ativos mais arriscadas", diz a BlackRock.
Larry Fink, o presidente-executivo da empresa, disse recentemente em sua carta para investidores que os juros negativos impedem a habilidade de planejar para o futuro e estão comendo a rentabilidade de coisas como pensões.
2. O limite das políticas públicas
Desde a crise financeira, o ônus de estimular a economia tem caído principalmente nas mãos dos bancos centrais, que usaram instrumentos clássicos (corte de juros) e não tão clássicos assim (grandes programas de compras de ativos).
Agora, a percepção é generalizada de que essa estratégia chegou no limite e que novos atores e ideias devem entrar cena.
"Estímulo fiscal e reformas estruturais precisam tomar o lugar da política monetária no estímulo ao crescimento. Nunca houve uma época melhor para governos financiarem gasto em infraestrutura", diz a BlackRock.
3. Volatilidade
O Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia, pegou os mercados de surpresa e adicionou muito risco no já complicado cenário europeu.
Mas tão ou mais importante do que seu efeito direto, é o que o Brexit sinaliza: um mundo em que populismo e desglobalização ganham espaço (outro grande exemplo é Donald Trump).
A boa notícia é que um período mais longo de política monetária frouxa e riscos geopolíticos no mundo desenvolvido tornam os emergentes não tão ruins em comparação.
Na medida em que o Federal Reserve americano adia a alta de juros, também cria margem para que empresas endividadas como as brasileiras continuem rolando suas dívidas com menos dificuldades.