Economia

3 sinais de que a economia global não vai nada bem

O "canário na mina de carvão" da Coreia do Sul surpreendeu os economistas para pior, assim como a indústria nos Estados Unidos, China, zona do euro e Brasil

Pedestre em rua de Seul, na Coreia do Sul: exportações do país são um bom barômetro da demanda global (Woohae Cho/Bloomberg)

Pedestre em rua de Seul, na Coreia do Sul: exportações do país são um bom barômetro da demanda global (Woohae Cho/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de setembro de 2015 às 15h28.

São Paulo - A semana passada não foi fácil nem aqui nem no resto do mundo.

Ela começou com uma segunda-feira de mercados em queda livre e terminou com números do PIB brasileiro mostrando a profundidade da crise.

Nesta semana, ainda é terça-feira e já temos o envio ao Congresso de um Orçamento com déficit primário e outra porção de maus augúrios na economia global.

Christine Lagarde, diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional), diz que há uma "recuperação mais fraca do que se esperava nas economias avançadas e uma nova desaceleração nas economias emergentes, particularmente na América Latina".

Veja 3 sinais negativos revelados hoje:

1. O Canadá está em recessão

O PIB do Canadá caiu 0,5% no segundo trimestre depois de cair 0,8% no primeiro. Dois trimestres seguidos para baixo são o que os economistas chamam de "recessão técnica".

Para determinar se a recessão é para valer, eles olham para outras coisas. E há motivos para otimismo: o PIB caiu por cinco meses consecutivos mas subiu 0,5% em junho, e tanto o emprego quanto o consumo das famílias resistiu.

O Canadá é um grande produtor de petróleo e sofre com a queda do preço para o nível mais baixo desde 2009. A economia deve ser central nas eleições de 19 de outubro, que ameaçam o primeiro-ministro Stephen Harper, no poder desde 2006 pelo Partido Conservador. 

2. As exportações da Coreia do Sul desabaram

As exportações da Coreia do Sul desabaram quase 15% em agosto em relação ao mesmo mês em 2014. Foi a a maior queda desde agosto de 2009 (auge da crise financeira mundial) e quase o dobro da previsão de 5,9% citada pela Bloomberg.

Os economistas olham de perto este indicador porque a economia da Coreia do Sul é bastante aberta e dependente da China e do Japão, segunda e a terceira maiores economias do mundo, respectivamente. 

Além disso, as exportações sul-coreanas são o primeiro número a ser revelado entre as grandes economias. O Goldman Sachs e o UBS o apelidaram de "canário na mina de carvão", em referência a uma tática usada pelos mineiros para monitorar o nível de gases tóxicos. O canário era o primeiro a morrer, indicando que chegava a hora de fugir.

3. A atividade industrial decepcionou na Europa, na China, nos Estados Unidos e no Brasil

Foi divulgado hoje o Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês para Purchasing Managers Index), pesquisa mensal que monitora o nível de atividade nas empresas privadas industriais.

Acima de 50 indica expansão e abaixo de 50 indica contração. Nos Estados Unidos, ele ficou em 53. segundo a Markit - abaixo de julho e o menor nível desde outubro de 2013. 

Na zona do euro, o PMI foi de 52,3 também pela Markit, abaixo da preliminar que havia sugerido estabilidade com os 52,4 de julho. Mas a pior notícia vem da China, onde o PMI oficial do governo ficou em 49,7 ante 50 em julho.

É o patamar mais baixo em 3 anos. A pesquisa da Markit só com empresas menores ficou em 47,3, pior número desde março de 2009.

Tudo isso alimenta o medo de que a China possa estar desacelerando rápido demais, o que repercute no mundo inteiro e causou a turbulência da semana passada. 

Já no Brasil, o índice de PMI da Markit caiu pelo sétimo mês consecutivo: de 47,2 em julho para 45,8 em agosto, o pior nível em 4 anos.

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