Shopping center: varejo dá sinais de recuperação (Getty Images/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de junho de 2017 às 08h00.
Última atualização em 15 de junho de 2017 às 08h00.
São Paulo - Apesar do que diz o governo, ainda é cedo para decretar o fim da recessão no Brasil.
O principal dado positivo até agora foi o crescimento do PIB no 1º trimestre, que interrompeu uma sequência de oito quedas consecutivas.
Mas o resultado teve impacto desproporcional de uma supersafra na agricultura e não registrou uma reação essencial dos investimentos ou do consumo das famílias.
Nos últimos dias, o IBGE divulgou os dados de vários setores no mês de abril. Todos vieram fracos mas melhores do que o previsto, o que seria razão para algum otimismo.
Com um detalhe: o período contemplado antecede a divulgação, em meados de maio, das delações da JBS, que mergulharam o governo de Michel Temer em uma grave crise política.
A turbulência colocou em xeque o calendário de reformas como a trabalhista e da Previdência e pode afetar a confiança de consumidores e investidores.
A última edição do Boletim Focus reduziu as projeções de crescimento tanto em 2017 (de 0,5% para 0,41%) quanto em 2018 (de 2,4% para 2,3%).
Mas pelo menos em abril, a retomada ainda dava sinais. Veja os dados divulgados pelo IBGE:
A produção industrial brasileira subiu 0,6% em abril sobre março, segundo números divulgados no último dia 02. Foi o melhor desempenho para o mês desde 2013 e o primeiro resultado positivo de 2017.
O número também veio melhor do que a estabilidade prevista por uma pesquisa da Reuters, mas na comparação com abril do ano passado, a produção caiu 4,5%.
Especialistas dizem que os ramos que mais subiram foram os que mais haviam caído em março, numa espécie de compensação, e que é cedo para falar em trajetória ascendente do setor.
O IBGE divulgou nesta terça-feira (13) que as vendas do varejo em abril subiram 1% na comparação com março e 1,9% sobre abril do ano passado.
Foi o melhor resultado para abril desde 2008, e muito mais alto do que o previsto por uma pesquisa da Reuters (quedas de 0,55% contra março e de 1,3% contra o ano anterior).
“A recuperação na confiança do consumidor, o rápido declínio nos preços dos alimentos e na inflação geral, que estão sustentando o crescimento da renda real, e a queda das taxas de juros devem começar a sustentar o consumo privado e a atividade varejista”, disse a nota de Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs.
O volume de serviços no Brasil subiu 1% em abril em relação a março, segundo números também do IBGE divulgados na quarta-feira (14).
É o melhor número desde março de 2016, quando a alta foi de 1,2%, e superou a expectativa da pesquisa da Reuters, que era de 0,4%.
Mas na comparação com abril de 2016, o setor contraiu 5,6%, um pouco melhor do que a projeção de -5,8% mas ainda assim o pior resultado para abril na série histórica.