Economia

3 gráficos mostram recuperação mais rápida do que o esperado em julho

Terceiro trimestre começa com dados antecedentes melhores sobre confiança, indústria e varejo — desafio é que onda positiva se mantenha no pós-pandemia

Pessoas com máscaras de proteção caminham por mercado em São Paulo, Brasil, na quinta-feira, 30 de julho de 2020.  (Jonne Roriz / Bloomberg/Getty Images)

Pessoas com máscaras de proteção caminham por mercado em São Paulo, Brasil, na quinta-feira, 30 de julho de 2020. (Jonne Roriz / Bloomberg/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 11 de agosto de 2020 às 06h00.

Última atualização em 11 de agosto de 2020 às 09h36.

Os principais setores da economia brasileira continuam mostrando recuperação desde o pior momento da pandemia para a atividade, que pegou os meses de abril e maio.

Após mostrarem leve reação em junho, dados que medem o ritmo da atividade em julho e até em agosto indicam um cenário melhor do que o esperado inicialmente por analistas de mercado:

"A principal revisão de leitura é que saimos de uma contração esperada no segundo trimestre de 11% ou 12%, para algo mais próximo de 9%", diz Artur Mota, economista da Exame Research.

Essa revisão veio na esteira dos resultados melhores em maio em relação a abril, o primeiro mês inteiro a pegar os efeitos da crise do coronavírus: "Não sabíamos se esse ritmo seria mantido em junho e julho, mas até os dados iniciais de agosto continuam sugerindo a recuperação", diz.

No varejo, cujo dado oficial de junho ainda será divulgado pelo IBGE nesta semana, essa tendência é observada, por exemplo, na alta de 3% das vendas em supermercados, de quase 30% em móveis e eletrodomésticos e de 24% em materiais de construção, como mostram as linhas do gráfico abaixo, com dados compilados pela casa de análise.

Indicadores varejo

Apesar de os indicadores preliminares sugerirem que atividade tem ocupado terreno da ociosidade ampliada pela pandemia, vale lembrar que o nível das vendas ainda está 35% abaixo do verificado em fevereiro, mesmo depois dessas altas expressivas – o que que reflete uma base baixa de comparação.

O grande desafio de agora em diante, segundo Mota, é que a recuperação mantenha sua tração ao longo do trimestre, já que, além do processo de reabertura, o auxílio emergencial — que vem ajudando comércio e serviços — , deve acabar em setembro.

Para a indústria, que já teve o resultado de junho divulgado pelo IBGE, a surpresa para o mês foi positiva, com crescimento de 8,9% em julho e uma revisão mais positiva para o mês de maio.

Em julho, por exemplo, foi verificado um avanço de cerca de 5% no fluxo de caminhões em estradas pedagiadas, que tem uma ligação forte com a atividade industrial, diz Mota, além do crescimento da utilização da capacidade instalada de 66,6% para 72,3%.

Vale destacar ainda o aumento de 3,8% no consumo de energia elétrica em julho.

"Leituras iniciais para agosto de carga de energia elétrica mostra que setores como bebidas, minerais não metálicos e produtos químicos já superam o consumo verificado em 2019, para igual mês. No geral temos relatados esses dados de frequência diária no nosso relatório semanal de Reabertura e Covid-19", diz o economista.

A melhora do humor em julho foi antecipada de certa forma, destaca Mota, pela recuperação da confiança dos empresários.

Indicadores indústria

Indicadores indústria (Exame Research/Divulgação)

"Quando o governo colocou toda sua artilharia de medidas de estímulos fiscal e monetário, em última instância, foi para garantir que essa confiança retomasse o mais rápido possível para próximo do seu nível pré-pandemia, o que asseguraria uma retomada mais consistente", diz.

A confiança do empresário industrial cresceu 15,7% em julho, assim como aconteceu no setor de serviços (10,18%) e comércio (2%). Pela ótica do consumidor, o avanço também foi observado, com alta de quase 11% em julho.

Indicadores de confiança

 

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