P (Jonne Roriz/EXAME/Exame)
João Pedro Caleiro
Publicado em 28 de outubro de 2016 às 10h38.
Última atualização em 28 de outubro de 2016 às 10h38.
São Paulo – A recessão no Brasil é tão profunda que o PIB só deve voltar para o nível de 2014 em 2019, totalizando 5 anos perdidos.
A boa notícia é que o investimento deve reagir nos próximos anos graças a uma combinação de três fatores.
O primeiro é a queda forte dos juros. O Itaú Unibanco prevê corte de 0,50 ponto percentual na Selic em dezembro após a queda de 14,25% para 14% na última reunião - primeiro corte desde 2012.
O Banco Central fala muito na agenda de reformas fiscais, que avançou nessa semana com a aprovação em segundo turno da PEC de teto de gastos, mas esperava para ver o vigor da atividade econômica.
“Eles vão ver que não foi só agosto que foi ruim, setembro também não teve a recuperação esperada”, diz Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco, com base no PIB mensal calculado por sua equipe.
O segundo motor da volta do investimento é a desalavancagem das empresas, que estão conseguindo renegociar seus aluguéis e custos de fornecimento, trabalho e dívida.
“Parece que o crédito vai descongelar de cima para baixo. Está começando nas grandes empresas”, diz Mário Mesquita, economista-chefe do banco.
Outro fator positivo é a estabilidade dos preços das commodities na medida em que a China desacelera de forma organizada.
Enquanto ela continuar crescendo, o que é esperado no médio prazo, as commodities ficam estáveis – ajudando países como o Brasil.
O padrão histórico mostra uma relação forte entre os preços de commodities e o nível de investimento por aqui.
As concessões e privatizações não entraram na lista do Itaú de fatores que favoreceriam o investimento.
Segundo Mesquita, o “estrago reputacional” do governo anterior foi grande, e o novo modelo ainda não deixa claro como será a proteção cambial para investidores estrangeiros.
A exceção é o setor de petróleo, onde mudanças recentes nas regras do pré-sal podem atrair o interesse de empresas estrangeiras.