Economia

2012 termina com pressões sobre inflação, diz FGV

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna acelerou de 0,25% em novembro para 0,66% em dezembro, influenciado sobretudo pelos produtos agropecuários no atacado

Inflação: entre os alimentos, foram destaque as hortaliças e os legumes, com aceleração de -9,43% para 2,91% (Valter Campanato/ABr)

Inflação: entre os alimentos, foram destaque as hortaliças e os legumes, com aceleração de -9,43% para 2,91% (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2013 às 13h38.

Rio de Janeiro - O ano termina com pressões expressivas sobre a inflação, segundo o coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou de 0,25% em novembro para 0,66% em dezembro, influenciado sobretudo pelos produtos agropecuários no atacado, como o feijão, as aves, o trigo e o tomate. Houve ainda valorização dos preços do minério de ferro, após período de baixa em meses anteriores.

"À medida que os resultados fortes das safras aconteçam, a tendência é que as taxas mensais sejam menores do que as atuais, com mais oferta de produtos e, portanto, desaceleração dos preços agropecuários. Mas isso só deve ocorrer a partir da passagem do primeiro para o segundo trimestre do ano", ressaltou Quadros.

Ele afirma que especialmente as safras da soja no Brasil e nos Estados Unidos devem contribuir para segurar a inflação em 2013, mesmo diante de uma aceleração no início do ano.

Para o economista, a tendência é de que a taxa mensal do IGP-DI perca o ritmo nos próximos meses e termine 2013 com números menores do que os de 2012. Ainda assim, ele acredita que o Banco Central não mexerá na Selic (a taxa básica de juros da economia).

"Acho que o BC vai esperar mais um pouco para ter a certeza de que a economia se recuperou antes de elevar a taxa de juros", afirmou o economista, complementando que a retomada do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos bens duráveis contribuirá para que, mais uma vez, a inflação, embora com tendência de desaceleração, não atinja o centro da meta (4,5%) neste ano.


Quadros destacou também a preocupação com o aumento de preços do trigo, que acumulou alta de 50,70% em 2012 e, em dezembro, avançou 7,95%, ante 1,98% em novembro. "Somando novembro e dezembro, a alta é de cerca de 10%, o que demonstra que há pressão sobre os preços do trigo", disse.

Entre as pressões aguardadas para este início de ano estão as dos alimentos, principalmente dos produtos in natura, que avançaram 5,41% no mês passado. O tomate, por exemplo, ficou 14,50% mais caro. Em razão do período de entressafra, o preço do feijão subiu 10,18%, enquanto as aves ficaram 8,10% mais caras. Já os preços da carne bovina, que variou -2,60%, e da soja, que teve queda de 1,69%, foram destaques de influência negativa na inflação do atacado em dezembro.

No varejo, as principais influências partiram dos grupos alimentação, com alta de 1,26%, e despesas diversas, com aumento de 1,60% - neste último caso, com influência direta do cigarro (3,85%). Entre os alimentos, foram destaque as hortaliças e os legumes, com aceleração de -9,43% para 2,91%. "É ainda uma taxa pequena. Pode ser que os alimentos in natura registrem alta nos próximos indicadores", opinou Quadros.

Para 2013, entre as principais contribuições para alta da inflação no varejo, Quadros ressaltou os bens duráveis, que devem ficar mais caros após o fim da desoneração concedida pelo governo, e os combustíveis, cujos preços devem ser reajustados ainda neste início de ano.

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