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2004 será árduo economicamente, dizem analistas

Presidente terá de manter popularidade em alta, cuidar das contas públicas e repetir bom desempenho da balança para país ter retomada mais rápida

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.

de 27 bilhões de dólares este ano - subirão para 40 bilhões de dólares em 2004.

Por outro lado, o economista acredita que a confiança externa na política econômica do país fará crescer o fluxo de investimentos estrangeiros diretos. Até o final deste ano, o Brasil deverá receber cerca de 9,5 bilhões de dólares. Para o ano que vem, a estimativa de Abate é que esses valores subam para 12 bilhões de dólares. A moeda também deverá sofrer mais uma desvalorização, o que ajudaria a impulsionar as exportações. Nada como o que aconteceu no período eleitoral do ano passado, quando o dólar chegou a 4 reais. Mas Abate, assim como a maioria dos analistas do mercado financeiro, estima um dólar de 3,5 reais para o próximo ano.

Política dentro e fora do país

Para Jim Wygand, diretor da consultoria inglesa Control Risks, o governo Lula caminhou bem até agora. "O presidente teve que deixar para trás seus companheiros mais radicais do PT, mas também soube negociar o apoio do PMBD para as reformas antes de entrada formal de políticos do partido no seu governo, o que não é nada mal", diz Wygand. Para que o governo se mantenha firme, diz ele, será fundamental uma vitória do PT nas próximas eleições municipais, em 2004. Além disso, será preciso evitar, segundo ele, a diminuição da base política do governo, já que os movimentos indicam tendência para uma posição de centro .

A força política do governo Lula - que tem sido testada quase diariamente com as negociações das reformas tributária e da Previdência também é apontada pelo economista-chefe do Lloyds como variável importante para o início de um ciclo virtuoso de crescimento. Garantir a continuidade das reformas é essencial , diz Abate. "O que será feito a respeito das reformas política, fiscal e trabalhista?"

Não é apenas no ambiente interno que o governo ainda vai enfrentar obstáculos. Para que a imagem do Brasil se fortaleça também lá fora, Wygand, da Control Risks, afirma que seria importante para o país conquistar uma vitória política no cenário internacional. "Uma boa chance para fazer isso está no tema dos subsídios agrícolas", diz ele. Questionado quanto à postura de enfrentamento do Brasil frente aos Estados Unidos após o encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún, Wygand afirmou que a estratégia brasileira é arriscada, mas que o país não deve abdicar das questões que considera fundamentais. "Fomos nós que viemos aqui e vendemos esse modelo de que os países tinham que desenvolver vantagens competitivas para concorrer lá fora", disse Wygand. "E agora que essas vantagens foram desenvolvidas a gente decide que isso não deve ser levado em conta?"

O papel da agricultura

Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, a agricultura brasileira vive hoje o seu melhor momento. "O Brasil tem hoje o menor custo de produção do mundo em diversos setores", diz ele. Entretanto, o setor não está livre de problemas que devem ser tratados pelo governo. "O primeiro deles é um maior acesso a mercados e, para isso, muita negociação será necessária", afirma.

Um segundo problema destacado por Barros é a infra-estrutura, que não está mais compatível com o bom desempenho do setor. "O que pode significar uma ótima oportunidade para as empresas de logística, mas uma dor de cabeça para os agricultores", disse Barros. O economista também destacou a possibilidade de que o Brasil tenha que ajudar países vizinhos como Argentina e Paraguai a erradicar a febre aftosa para que a carne proveniente deles deixe de ser alvo de barreiras sanitárias, o que, por tabela, poderia também prejudicar o produto brasileiro. Para Barros, é urgente que o governo tenha uma postura mais definida na discussão dos transgênicos. "A resposta de Lula até agora não foi satisfatória", diz ele.

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