Inflação: Pesquisa com economistas estimava alta de 0,55% para o período (spijker/Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2016 às 10h26.
São Paulo- A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou mais do que o esperado em março graças à queda nos preços de energia elétrica, indo abaixo de 10% no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde outubro, em meio ao cenáro de recessão econômica e forte turbulência política.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,43% em março, após alta de 1,42% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Com isso, o índice acumulado em 12 meses até março alcançou 9,95%, ante 10,84% até fevereiro.
O indicador havia ficado na casa de 9% em 12 meses pela última vez em outubro (9,77%), mas continua muito acima do teto da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Ainda assim, o resultado reforça as expectativas de que a alta dos preços começaria a abrandar diante da forte recessão enfrentada pelo país, que em 2015 registrou o pior desempenho econômico em 25 anos ao encolher 3,8%.
Pesquisa da Reuters junto a economistas apontava avanço de 0,55% na comparação mensal e de 10,08% na base anual, na mediana das projeções.
Segundo o IBGE, a principal influência para baixo no indicador do mês foi a energia elétrica, com queda de 2,87%, representando -0,11 ponto percentual, devido à redução na cobrança extra da bandeira tarifária.
Isso ajudou o grupo Habitação a registrar queda nos preços de 0,52% em março, após alta de 0,40% no mês anterior.
Já os preços dos alimentos, que têm importante peso sobre a renda das famílias, apresentaram forte desaceleração da alta a 0,77% em março, ante 1,92% em fevereiro. Ainda assim, foram responsáveis por 46% do IPCA-15, com impacto de 0,20 ponto percentual.
A inflação no Brasil, mesmo com a forte recessão, deve encerrar este ano bem acima do teto da meta pela segunda vez seguida. A pesquisa Focus do Banco Central junto a economistas mostra que a expectativa é que o IPCA feche o ano com alta de 7,43%.
O próprio BC vê a inflação acima do centro da meta de 4,5% em 2016 e também em 2017, e tem deixado claro que não vai reduzir a Selic --hoje a 14,25% ao ano-- tão cedo.
Na véspera, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que não trabalha com a hipótese de flexibilização da política monetária e que o quadro de inflação no país ainda é "desafiador".