Economia

Distribuidoras temem impacto no caixa após leilão A-1

Concessionárias ainda podem sofrer um impacto de até 5,6 bilhões de reais no caixa relacionado à exposição no curto prazo


	Torres de transmissão: distribuidoras tinham uma necessidade de contratação de cerca de 6.300 MW médios no leilão A-1
 (Paulo Santos/Reuters)

Torres de transmissão: distribuidoras tinham uma necessidade de contratação de cerca de 6.300 MW médios no leilão A-1 (Paulo Santos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2013 às 20h33.

Brasília - O leilão de energia existente A-1 atendeu cerca de 40 por cento da necessidade de contratação das distribuidoras de energia e as concessionárias ainda podem sofrer um impacto de até 5,6 bilhões de reais no caixa relacionado à exposição no curto prazo, segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).

No leilão A-1 realizado nesta terça-feira, as distribuidoras tinham uma necessidade de contratação de cerca de 6.300 MW médios, mas apenas 2.751 megawatts (MW) médios foram contratados.

"Se continuar a despachar muitas térmicas no ano que vem, vamos ter uma situação complicada", disse o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite.

Ele explicou que o preço médio da energia negociada no leilão foi de cerca de 177 reais por megawatt-hora (MWh), enquanto que o preço médio coberto pela tarifa de energia é de 110 reais por MWh. Apenas esse fator provocaria um impacto geral no caixa das distribuidoras de cerca de 1,5 bilhão de reais no ano que vem, montante que será repassado aos consumidores com os reajustes tarifários.

"Já a exposição involuntária que ficou, dependendo do valor do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), vai dar um outro impacto de 1,5 bilhão a 4,1 bilhão de reais", acrescentou Leite.

Esse impacto refere-se à descontratação que as distribuidoras ainda terão que carregar por não terem conseguido contratar toda a demanda no leilão. Para estimar esses valores, Fonseca Leite levou em consideração um PLD variando entre 160 e 240 reais por MWh.

Em 2013, as distribuidoras tiveram o impacto no caixa relacionado à exposição involuntária coberto por repasses de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que inclusive recebeu aportes do Tesouro. Mas esse mecanismo ainda não está garantido para 2014, sendo permitido apenas para até o fim deste ano segundo a regra vigente.


Para 2014, a expectativa era que a aplicação de Bandeiras Tarifárias pudesse ajudar a mitigar o impacto imediato da geração térmica mais cara no caixa das distribuidoras, embora esse não seja o objetivo principal da medida.

Mas a aplicação do mecanismo, que entraria em vigor a partir de janeiro de 2014, foi adiada em um ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesta terça-feira.

As Bandeiras Tarifárias sinalizariam de forma mais imediata para o consumidor os períodos em que a energia estaria mais cara, conforme as condições de geração elétrica, e nos quais ele teria que pagar mais pela energia.

"Tendo em vista todos esses impactos, nós vamos chamar o governo para conversar", disse o presidente da Abradee.

A Aneel disse que a implantação das Bandeiras Tarifárias ainda apresenta diversas pendências e os consumidores ainda não estão informados sobre o tema.

Além disso, o diretor da Aneel, Edvaldo Santana, relator do caso, disse que algumas distribuidoras relataram que é praticamente impossível cumprir os prazos previstos para implantar as Bandeiras Tarifárias.

"A Bandeira Tarifária não foi originalmente pensada para isso (cobrir impacto no caixa das distribuidoras). Seria distorcer muito a Bandeira Tarifária", disse Santana, a jornalistas.

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