Chinês em frente ao computador (Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 4 de julho de 2014 às 13h37.
São Paulo - A China está em um processo acelerado de crescimento e desenvolvimento que tirou milhões da pobreza, mas está deixando outras vítimas pelo caminho.
Não se trata dos mortos em obras ou vítimas da violência comum, e sim daqueles que morrem de tanto trabalhar.
São 1.600 chineses por dia, de acordo com a China Radio International, controlada pelo estado. A estimativa do China Youth Daily de 600 mil pessoas por ano é levemente maior.
É difícil chegar a um número confiável porque a ligação entre o trabalho e a saúde é muitas vezes nebulosa, mas alguns casos já se tornaram notórios, como o de Lin Jianhua, de 48 anos, que trabalhava há 26 como regulador do sistema financeiro oficial.
No final de abril, ele morreu depois de passar a noite inteira preparando um relatório.
Seus empregadores lançaram um comunicado afirmando que para aprender com o caso, os chineses deveriam "ser como ele, sempre firme em seus ideiais e crenças, o interesse geral, leal à causa do partido e das pessoas, à contínua luta sacrificando tudo".
A rede social de microblog Sina Weibo, uma espécie de versão chinesa do Twitter, é cheia de relatos e reclamações de funcionários sobre empregadores que os pressionam a trabalhar cada vez mais e por longos períodos.
A morte por excesso de trabalho tem até nome: guolaosi na China e korashi no Japão.
Mas o fenômeno não é exclusivamente asiático: em agosto do ano passado, ficou notório o caso do estagiário no Bank of America em Londres que morreu depois de praticamente virar três noites.