Retrospectiva 2024: o que o mercado de trabalho qualificado nos ensinou
Do impacto da tecnologia às mudanças nos modelos de trabalho, veja como 2024 redefiniu o mercado qualificado e trouxe lições valiosas
Colunista
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 06h00.
Olhando para trás e refletindo sobre os últimos doze meses, me recordo de um ensinamento de Nelson Mandela: “ Eu nunca perco. Ou ganho, ou aprendo ”. Assim como o ativista sul-africano nos lembra, o ano de 2024 trouxe uma série de aprendizados para o mercado de trabalho qualificado, além de oportunidades únicas para empresas e profissionais que souberam se adaptar.
A evolução das inteligências artificiais, o crescimento econômico moderado em um cenário de incertezas e mudanças nas demandas por habilidades definiram o tom do ano. Além disso, o bem-estar dos colaboradores e a saúde mental permaneceram como temas prioritários, enquanto o debate sobre modelos de trabalho continuou a influenciar decisões estratégicas.
2024 em retrospectiva
1) Queda nas taxas de desemprego
Se a falta de mão de obra em geral é um dos principais desafios enfrentados hoje pelas empresas, a situação ficou ainda mais complicada para contratar talentos qualificados. Desde o segundo trimestre de 2023, a taxa de desemprego dos profissionais qualificados tem ficado abaixo de 4%, registrando 3% no último trimestre.
Esses índices reforçam a acirrada disputa por talentos, já que os perfis profissionais que as empresas buscam, estão, em sua maioria, empregados. Além de salários competitivos, que podem ser conferidos no Guia Salarial Robert Half 2025, as companhias precisam buscar outras formas de se destacar.
2) A tecnologia no centro das mudanças
A inteligência artificial (IA) e a automação seguiram moldando as rotinas de trabalho. Ferramentas como inteligência artificial generativa passaram de tendências a soluções práticas, aumentando a produtividade, mas também redefinindo funções e abrindo lacunas de habilidades. Profissionais que investiram em requalificação, como habilidades digitais avançadas e análise de dados, destacaram-se no mercado.
Encaro o impacto da tecnologia como um catalisador químico. Da mesma forma em que um catalisador acelera uma reação, a tecnologia é o elemento que acelera as transformações no mercado. Porém, como na química, é preciso dosar para evitar desequilíbrios. Ainda, é necessário desenvolver adaptabilidade e resiliência emocional para lidar com as constantes mudanças, o que evidencia o valor das soft skills.
Por outro lado, já parece ser um tema apascentado: não haverá perda de emprego para IA e sim para outros profissionais que sejam mais capazes de usá-la. De forma geral, há certa resistência para a mudança e adoção de novas tecnologias, mas é importante não sermos avessos ao seu uso; relembre do passado recente quando provavelmente questionou o comportamento de gerações anteriores às tecnologias que hoje fazem parte do seu dia a dia.
3) Valorização do bem-estar e da saúde mental
Após os impactos da pandemia, o bem-estar continuou no centro das prioridades organizacionais. As empresas que investiram em políticas de apoio à saúde mental, como programas de assistência médica (física e mental), desenvolvimento de lideranças e jornadas flexíveis, foram capazes de reter talentos, além de registrar aumentos de engajamento.
O ano também destacou o equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida, com profissionais exigindo maior autonomia para decidir quando e como trabalhar. As empresas que resistiram às mudanças enfrentaram maiores dificuldades de atração e retenção de talentos qualificados.
4) Modelos de trabalho: presencial em ascensão, híbrido em discussão
O debate sobre os modelos de trabalho permaneceu forte em 2024. A modalidade 100% remota dificilmente voltará a ser a norma para a maioria das empresas, ainda que o formato híbrido deva permanecer, principalmente em um regime de dois dias remotos e três presenciais, por conta dos baixos níveis de desemprego.
A preferência por jornadas flexíveis é motivada pela busca de equilíbrio entre a produtividade e a qualidade de vida das pessoas. Muitos profissionais resistem ao retorno total ao escritório, considerando fatores como tempo de deslocamento e gastos com transporte.
Em contrapartida, o retorno presencial trouxe benefícios claros para algumas funções, como maior colaboração e criatividade das equipes. Além disso, algumas pessoas, ao trabalhar em casa, acabam incorporando tarefas pessoais à rotina de trabalho, o que dificulta a delimitação entre vida profissional e pessoal e gera dúvidas nas empresas sobre o impacto na produtividade. Aqui, não há certo ou errado.
5) Novas formas de valorizar habilidades
Em 2024, o mercado ampliou a definição do que constitui uma habilidade relevante. Além das soft skills, as mad skills – competências derivadas de hobbies ou experiências pessoais – ganharam espaço no recrutamento. Profissionais que demonstraram criatividade, pensamento estratégico ou habilidades interpessoais em contextos não convencionais foram valorizados por trazerem perspectivas inovadoras para as organizações.
Como transformar os aprendizados de 2024 em estratégias para 2025
Com base nos eventos e tendências que moldaram 2024, sugiro algumas estratégias para garantir um 2025 competitivo:
- Fortaleça a liderança resiliente: líderes que combinam inteligência emocional, adaptabilidade e visão estratégica são mais bem-sucedidos. Treine suas lideranças para compreender e responder às demandas de uma força de trabalho cada vez mais diversificada e exigente.
- Revise políticas de trabalho e benefícios: considere o equilíbrio entre flexibilidade e produtividade. Adapte os modelos de trabalho para refletir as preferências dos talentos, mas sem comprometer os objetivos organizacionais.
- Amplie o escopo de recrutamento: avalie candidatos não apenas por suas experiências tradicionais, mas também por suas habilidades diferenciadas. Criatividade, resiliência e competências interpessoais adquiridas fora do ambiente de trabalho podem agregar valor significativo às equipes.
- Fomente uma cultura de inovação: as mudanças tecnológicas continuarão a avançar rapidamente. Organizações devem criar ambientes que incentivem a experimentação e o aprendizado contínuo para que estejam preparadas para o futuro.
O ano de 2024 nos comprovou que, em meio a desafios, há sempre espaço para crescimento. Empresas e profissionais que abraçaram as mudanças saíram fortalecidos. Portanto, prepare-se, pois 2025 promete ser mais um ano de transformações – e quem estiver à frente das tendências terá o poder de liderar o mercado. Que tal?
Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar
Olhando para trás e refletindo sobre os últimos doze meses, me recordo de um ensinamento de Nelson Mandela: “ Eu nunca perco. Ou ganho, ou aprendo ”. Assim como o ativista sul-africano nos lembra, o ano de 2024 trouxe uma série de aprendizados para o mercado de trabalho qualificado, além de oportunidades únicas para empresas e profissionais que souberam se adaptar.
A evolução das inteligências artificiais, o crescimento econômico moderado em um cenário de incertezas e mudanças nas demandas por habilidades definiram o tom do ano. Além disso, o bem-estar dos colaboradores e a saúde mental permaneceram como temas prioritários, enquanto o debate sobre modelos de trabalho continuou a influenciar decisões estratégicas.
2024 em retrospectiva
1) Queda nas taxas de desemprego
Se a falta de mão de obra em geral é um dos principais desafios enfrentados hoje pelas empresas, a situação ficou ainda mais complicada para contratar talentos qualificados. Desde o segundo trimestre de 2023, a taxa de desemprego dos profissionais qualificados tem ficado abaixo de 4%, registrando 3% no último trimestre.
Esses índices reforçam a acirrada disputa por talentos, já que os perfis profissionais que as empresas buscam, estão, em sua maioria, empregados. Além de salários competitivos, que podem ser conferidos no Guia Salarial Robert Half 2025, as companhias precisam buscar outras formas de se destacar.
2) A tecnologia no centro das mudanças
A inteligência artificial (IA) e a automação seguiram moldando as rotinas de trabalho. Ferramentas como inteligência artificial generativa passaram de tendências a soluções práticas, aumentando a produtividade, mas também redefinindo funções e abrindo lacunas de habilidades. Profissionais que investiram em requalificação, como habilidades digitais avançadas e análise de dados, destacaram-se no mercado.
Encaro o impacto da tecnologia como um catalisador químico. Da mesma forma em que um catalisador acelera uma reação, a tecnologia é o elemento que acelera as transformações no mercado. Porém, como na química, é preciso dosar para evitar desequilíbrios. Ainda, é necessário desenvolver adaptabilidade e resiliência emocional para lidar com as constantes mudanças, o que evidencia o valor das soft skills.
Por outro lado, já parece ser um tema apascentado: não haverá perda de emprego para IA e sim para outros profissionais que sejam mais capazes de usá-la. De forma geral, há certa resistência para a mudança e adoção de novas tecnologias, mas é importante não sermos avessos ao seu uso; relembre do passado recente quando provavelmente questionou o comportamento de gerações anteriores às tecnologias que hoje fazem parte do seu dia a dia.
3) Valorização do bem-estar e da saúde mental
Após os impactos da pandemia, o bem-estar continuou no centro das prioridades organizacionais. As empresas que investiram em políticas de apoio à saúde mental, como programas de assistência médica (física e mental), desenvolvimento de lideranças e jornadas flexíveis, foram capazes de reter talentos, além de registrar aumentos de engajamento.
O ano também destacou o equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida, com profissionais exigindo maior autonomia para decidir quando e como trabalhar. As empresas que resistiram às mudanças enfrentaram maiores dificuldades de atração e retenção de talentos qualificados.
4) Modelos de trabalho: presencial em ascensão, híbrido em discussão
O debate sobre os modelos de trabalho permaneceu forte em 2024. A modalidade 100% remota dificilmente voltará a ser a norma para a maioria das empresas, ainda que o formato híbrido deva permanecer, principalmente em um regime de dois dias remotos e três presenciais, por conta dos baixos níveis de desemprego.
A preferência por jornadas flexíveis é motivada pela busca de equilíbrio entre a produtividade e a qualidade de vida das pessoas. Muitos profissionais resistem ao retorno total ao escritório, considerando fatores como tempo de deslocamento e gastos com transporte.
Em contrapartida, o retorno presencial trouxe benefícios claros para algumas funções, como maior colaboração e criatividade das equipes. Além disso, algumas pessoas, ao trabalhar em casa, acabam incorporando tarefas pessoais à rotina de trabalho, o que dificulta a delimitação entre vida profissional e pessoal e gera dúvidas nas empresas sobre o impacto na produtividade. Aqui, não há certo ou errado.
5) Novas formas de valorizar habilidades
Em 2024, o mercado ampliou a definição do que constitui uma habilidade relevante. Além das soft skills, as mad skills – competências derivadas de hobbies ou experiências pessoais – ganharam espaço no recrutamento. Profissionais que demonstraram criatividade, pensamento estratégico ou habilidades interpessoais em contextos não convencionais foram valorizados por trazerem perspectivas inovadoras para as organizações.
Como transformar os aprendizados de 2024 em estratégias para 2025
Com base nos eventos e tendências que moldaram 2024, sugiro algumas estratégias para garantir um 2025 competitivo:
- Fortaleça a liderança resiliente: líderes que combinam inteligência emocional, adaptabilidade e visão estratégica são mais bem-sucedidos. Treine suas lideranças para compreender e responder às demandas de uma força de trabalho cada vez mais diversificada e exigente.
- Revise políticas de trabalho e benefícios: considere o equilíbrio entre flexibilidade e produtividade. Adapte os modelos de trabalho para refletir as preferências dos talentos, mas sem comprometer os objetivos organizacionais.
- Amplie o escopo de recrutamento: avalie candidatos não apenas por suas experiências tradicionais, mas também por suas habilidades diferenciadas. Criatividade, resiliência e competências interpessoais adquiridas fora do ambiente de trabalho podem agregar valor significativo às equipes.
- Fomente uma cultura de inovação: as mudanças tecnológicas continuarão a avançar rapidamente. Organizações devem criar ambientes que incentivem a experimentação e o aprendizado contínuo para que estejam preparadas para o futuro.
O ano de 2024 nos comprovou que, em meio a desafios, há sempre espaço para crescimento. Empresas e profissionais que abraçaram as mudanças saíram fortalecidos. Portanto, prepare-se, pois 2025 promete ser mais um ano de transformações – e quem estiver à frente das tendências terá o poder de liderar o mercado. Que tal?
Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar