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Histórias de aeroporto

Caros leitores, Aqui vai mais uma história de aeroporto. Apenas para evitar constrangimento vamos considerar que quem fez esta viagem foi o conhecido Chico. Chico chegou cedo ao aeroporto. Seu vôo era o primeiro da ponte aérea daquela companhia – que a partir de agora vou chamar de Alle Blau, em homenagem a um amigo alemão que sempre dizia que tudo estava azul quando queria passar a mensagem de que […] Leia mais

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Fernando Mantovani — Sua Carreira, Sua Gestão

Publicado em 12 de dezembro de 2012 às, 15h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h13.

Caros leitores,

Aqui vai mais uma história de aeroporto. Apenas para evitar constrangimento vamos considerar que quem fez esta viagem foi o conhecido Chico.

Chico chegou cedo ao aeroporto. Seu vôo era o primeiro da ponte aérea daquela companhia – que a partir de agora vou chamar de Alle Blau, em homenagem a um amigo alemão que sempre dizia que tudo estava azul quando queria passar a mensagem de que tudo estava bem.

Eram quase 6h quando Chico, sentado dentro da aeronave ouviu: “Este é o vôo 1234 da Alle Blau com destino ao aeroporto de Santos Dumont no Rio de Janeiro. Embarque encerrado”.

Passaram-se alguns minutos e ouviu-se a voz do Capitão. Teto fechado. Vôos serão direcionados para o aeroporto do Galeão, pois a previsão de abertura do Santos Dumont é às 10h.

Todos desembarcando, tendo que pegar seu bilhete de embarque de volta e depois de alguns minutos parados no finger aguardando “alguém da Polícia Federal” liberar a entrada no salão de embarque já que disse um funcionário da Alle Blau por rádio: “Estamos ligando lá há mais de 10 minutos e ninguém atende ao telefone”.

Sem qualquer critério então, forma-se um aglomerado ao redor do portão de embarque – lado de quem já está embarcando – para que os funcionários da Alle Blau reemitam os bilhetes para o próximo vôo.

Chico aproximou-se de um deles e tentou entender a situação:

– Bom dia. Todos embarcarão no próximo vôo?

– Senhor, temos limitações de decolagens para o Galeão, vamos checar.

– Mas já estão trocando bilhetes para alguns passageiros embarcarem no próximo vôo?

– Mas os dois próximos vôos decolarão ao mesmo tempo.

Nesta hora Chico ficou espantado! Congonhas ganhou nova pista e não lhe avisaram!!

– Certo. Mas sou passageiro frequente e gostaria de ir no próximo vôo – teórico, já que decolariam juntos. Qual o critério para seleção de passageiros para troca de passagem?

– Quem chegou primeiro está trocando os bilhetes primeiro.

Chico perguntou-se: Chegou primeiro aonde?

Percebendo que a confusão estava armada Chico aguardou a troca de bilhetes de 14 premiados (3 deles estrangeiros que estavam no final da suposta fila). Estes teriam embarque imediato. O restante do grupo deveria dirigir-se a outro portão, com embarque sem previsão – mas os vôos não decolariam juntos? – e sem assentos marcados.

Ao passar pelo portão Chico questionou uma das funcionárias da Alle Blau:

– Bom dia. Tenho uma reunião importante no Rio de Janeiro e sou passageiro frequente da Alle Blau. Não há qualquer possibilidade de encaixe no “primeiro próximo vôo”?

– Não. O vôo está lotado. Ser passageiro frequente não lhe dá este benefício.

Como a conversa não era proveitosa, apesar de bastante incomodado, Chico foi tentar embarcar…

Ao chegar ao portão do “segundo próximo vôo” Chico depara-se com um funcionário da Alle Blau dizendo: “O embarque está suspenso. Há limite de aeronaves direcionadas para o Galeão e, infelizmente, esta aeronave só irá decolar quando abrir o Santos Dumont”.

Chico dirige-se ao balcão de atendimento solicitando embarque no vôo “1”, mas lhe dizem que apenas é possível fazê-lo no portão de embarque do dito vôo. Apressadamente ele vai ao outro portão.

Chegando lá há outros 9 passageiros tentando a mesma coisa. A reposta do funcionário da Alle Blau é: “A documentação do vôo está fechada. Ninguém poderá embarcar além dos que tiverem o bilhete deste vôo”.

Incrivelmente, após alguma insistência, o funcionário checa com o Comandante e todos os 12 (agora eram 12) são autorizados a embarcar. Ao finalizar o embarque sobram alguns assentos ainda vazios e não são poucos.

E graças à ajuda de São Pedro, 45 minutos depois, Chico pousou no aeroporto de Santos Dumont.

Acredito que a mensagem que fica disso tudo é a importância do treinamento para a prestação de serviço de qualidade e como processos estabelecidos, com comunicação clara, objetiva e transparente podem fazer muita diferença. Algo para quem vê de fora pensar e aprender com a experiência do grande Chico!

Alle Blau!