Reunião (shutterstock/Shutterstock)
Colunista
Publicado em 26 de maio de 2023 às 11h00.
Executivos de projetos especializados, freelancers de comunicação e publicidade, motoristas de aplicativo e entregadores de comida. O que eles têm em comum? Todos fazem parte da gig economy, conceito que abrange modalidades de trabalho mais flexíveis e fora dos moldes da tradicional carteira de trabalho.
Embora seja um movimento crescente e com numerosas vantagens para empregados e empregadores, a gig economy também carrega desafios. Em muitos casos, ela traz o risco de precarização do trabalho, com salários mais baixos, poucos benefícios e, consequentemente, uma dose de insegurança.
Dito isso, e esperando que a flexibilização das relações de trabalho venha cada vez mais acompanhada de responsabilidade, transparência e ética, gostaria de destacar os benefícios da gig economy para empresas e profissionais qualificados.
Contratos com prazo determinado atendem positivamente a cenários econômicos incertos. A contratação por projetos onera bem menos as empresas, simplifica o processo de início e término da relação com esses colaboradores e alivia a sobrecarga das equipes em momentos pontuais. Aos profissionais, por sua vez, essa modalidade é um caminho para adquirir experiências diferentes, fortalecer o networking, ter contato com novas ferramentas, administrar melhor a vida pessoal e aumentar o controle dos rumos da carreira, entre outros aspectos.
Desafios ou demandas que exigem uma solução imediata também encontram nos temporários um ótimo respaldo. Um processo de M&A, uma situação de crise com um produto ou o desenvolvimento de uma nova tecnologia, por exemplo, podem ser equacionados com a contratação de experts nesses temas, dentro de projetos específicos. Uma vez resolvido o problema, o apoio externo é encerrado.
Os dados da última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) corroboram com os pontos que levantei até aqui. Na visão dos recrutadores entrevistados, os três principais motivos para a contratação de profissionais por projetos são: dessobrecarregar o time em períodos de alta demanda (74%), buscar especialistas para demandas estratégicas (66%) e tornar ágil a contratação (48%).
Entre os profissionais qualificados, os contratos por tempo determinado são uma possibilidade considerada no curto e no médio prazos. De acordo com o ICRH, 71% dos que estão em busca de recolocação se encontram altamente dispostos a aceitar uma proposta de trabalho para um projeto especializado. Afinal, um trabalho pontual pode ser a porta de entrada para outros projetos ou até mesmo para uma vaga permanente.
Além disso, mais da metade (51%) dos profissionais que trabalham por projetos acreditam que haverá mais oportunidades temporárias no trimestre seguinte. Digo mais: esse tipo de projeto deve aumentar progressivamente nos próximos anos, acompanhando a tendência global de diversificar as relações de trabalho.
Temporários trazem conhecimento e experiência
Um ponto muito importante, e nem sempre lembrado, é o conhecimento e experiência que são levados pelos profissionais contratados por projeto e absorvidos pelo quadro funcional permanente. Em geral, os contratos temporários envolvem profissionais maduros, justamente porque estão prontos para trabalhar, costumam dispensar treinamento e lidam bem com as dificuldades e os imprevistos que surgem no mundo corporativo.
Toda essa bagagem é compartilhada com os colegas “fixos”, que aprendem no dia a dia com alguém que domina determinado assunto do ponto de vista prático e teórico. Se para o quadro funcional essa convivência é uma verdadeira escola, para o temporário é a chance de fazer contatos, aprender sobre a cultura da empresa e, talvez, entrar de vez para o time.
Para que a contratação por projetos seja bem-sucedida, porém, é indispensável seguir algumas medidas:
Observando esses pontos, a parceria entre organizações e profissionais por tempo determinado tem tudo para evoluir muito bem e trazer os melhores resultados para ambos.
Aqui, neste blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar