Felicidade em primeiro lugar
Não se sentir feliz foi citado como principal motivo para pedidos de demissão entre profissionais qualificados
Colunista
Publicado em 25 de agosto de 2023 às 02h00.
Por muito tempo trabalhar foi considerado um mal necessário, um sacrifício a ser feito em nome de obter a contrapartida financeira da qual dependemos para viver. O salário estava no centro das relações entre empregados e empregadores. Cumprir horários, metas e receber o pagamento no dia certo era a definição de um bom emprego.
O cenário se modificou com a criação de planos de carreiras e de pacotes de benefícios cada vez mais sofisticados, atendendo a necessidades variadas dos funcionários, como evolução profissional e cuidados com a saúde e o bem-estar. Além de uma boa remuneração financeira, sentir a possibilidade de ascender, trabalhar em modelos flexíveis e contar com um bom convênio médico tornou-se o sonho de muitos trabalhadores.
Nada disso, porém, conta tanto nos dias de hoje quanto o fator felicidade. Uma pesquisa conduzida pela Robert Half, em parceria com a The School of Life Brasil, identificou que “não se sentir feliz no trabalho” foi o principal motivo para que 44,12% dos cem profissionais entrevistados pedissem demissão voluntariamente. Note que o número é quase metade do total de profissionais ouvidos.
O estudo, realizado em maio, faz parte do Índice de Confiança Robert Half 2023 (ICRH) e pedia que os entrevistados citassem até três motivos para ter se desligado da última organização onde trabalharam. O mapeamento contemplou a opinião de trabalhadores desempregados com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa, categoria que abrange os profissionais qualificados.
Além da felicidade, os top 5 motivos para pedidos de demissão, de acordo com a pesquisa, incluem a busca por novos desafios (42,65%), a falta de perspectiva de crescimento (33,82%), não se sentir valorizado no trabalho (27,94%) e a relação ruim com antigos gestores (19,12%).
Em seguida, aparece o desejo de maior remuneração (13,24%), o sonho de mudar de carreira (10,29%) e a relação ruim com colegas de equipe (7,35%). Ter benefícios mais atrativos (4,41%) figura em último lugar, confirmando como os anseios dos trabalhadores se modificaram bastante ao longo do tempo.
A expectativa de que o trabalho seja uma fonte de renda, mas também uma atividade interessante, prazerosa e significativa faz todo o sentido. Passamos boa parte da vida trabalhando, e isso quer dizer no mínimo três décadas da nossa existência. A pandemia só fez reforçar esse ponto, já que evidenciou a relação direta entre saúde mental e uma rotina em que caibam momentos com a família, lazer e cuidados com o corpo e a mente.
Podemos deduzir, então, que as empresas são responsáveis pela felicidade de seus times? Acredito que ser feliz é um projeto, acima de tudo, individual, que envolve inúmeras escolhas e circunstâncias, algumas delas imprevisíveis. No entanto, as organizações podem, sim, apoiar seus funcionários nessa busca tão valiosa.
Identificar o que aumenta ou diminui o nível de satisfação no trabalho e oferecer soluções é uma excelente iniciativa para melhorar o bem-estar de todos. Os efeitos desse movimento serão sentidos tanto na atração de talentos quanto no engajamento dos funcionários.
Em paralelo, cada profissional deve fazer a sua parte. Acredito que uma das melhores formas de se sentir feliz no trabalho é exercê-lo com um propósito maior do que o holerite. A seguir, destaco algumas medidas que contribuem para se ter uma atuação profissional mais significativa e recompensadora:
- defina propósito para você – esse conceito é muito variável e particular, por isso é necessário estabelecer a sua visão de propósito e agir para transformá-la em realidade;
- impacte os outros positivamente – participar de projetos que serão úteis à sociedade, apoiar os novatos na empresa ou ajudar a comunidade do entorno são modos de melhorar o universo ao seu redor e se sentir bem;
- leve em conta o prazer – não basta ser competente em uma área, é preciso que esse talento seja acompanhado da satisfação de colocá-lo em prática. Sem isso, a rotina se torna maçante e vazia;
- avalie sua compatibilidade com a empresa – ter valores e objetivos afinados é básico para se sentir pertencente a uma organização. O pertencimento propicia melhores relações interpessoais e estímulos para crescer junto com a companhia.
Para concluir, destaco que na vida real a felicidade nos escapa frequentemente, ainda mais no horário comercial. Ter maturidade para lidar com os altos e baixos no trabalho, sem se desesperar e jogar a toalha, é uma boa receita para ser feliz e para recuperar esse estado de espírito quando ele parecer distante.
Aqui, neste blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar
Por muito tempo trabalhar foi considerado um mal necessário, um sacrifício a ser feito em nome de obter a contrapartida financeira da qual dependemos para viver. O salário estava no centro das relações entre empregados e empregadores. Cumprir horários, metas e receber o pagamento no dia certo era a definição de um bom emprego.
O cenário se modificou com a criação de planos de carreiras e de pacotes de benefícios cada vez mais sofisticados, atendendo a necessidades variadas dos funcionários, como evolução profissional e cuidados com a saúde e o bem-estar. Além de uma boa remuneração financeira, sentir a possibilidade de ascender, trabalhar em modelos flexíveis e contar com um bom convênio médico tornou-se o sonho de muitos trabalhadores.
Nada disso, porém, conta tanto nos dias de hoje quanto o fator felicidade. Uma pesquisa conduzida pela Robert Half, em parceria com a The School of Life Brasil, identificou que “não se sentir feliz no trabalho” foi o principal motivo para que 44,12% dos cem profissionais entrevistados pedissem demissão voluntariamente. Note que o número é quase metade do total de profissionais ouvidos.
O estudo, realizado em maio, faz parte do Índice de Confiança Robert Half 2023 (ICRH) e pedia que os entrevistados citassem até três motivos para ter se desligado da última organização onde trabalharam. O mapeamento contemplou a opinião de trabalhadores desempregados com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa, categoria que abrange os profissionais qualificados.
Além da felicidade, os top 5 motivos para pedidos de demissão, de acordo com a pesquisa, incluem a busca por novos desafios (42,65%), a falta de perspectiva de crescimento (33,82%), não se sentir valorizado no trabalho (27,94%) e a relação ruim com antigos gestores (19,12%).
Em seguida, aparece o desejo de maior remuneração (13,24%), o sonho de mudar de carreira (10,29%) e a relação ruim com colegas de equipe (7,35%). Ter benefícios mais atrativos (4,41%) figura em último lugar, confirmando como os anseios dos trabalhadores se modificaram bastante ao longo do tempo.
A expectativa de que o trabalho seja uma fonte de renda, mas também uma atividade interessante, prazerosa e significativa faz todo o sentido. Passamos boa parte da vida trabalhando, e isso quer dizer no mínimo três décadas da nossa existência. A pandemia só fez reforçar esse ponto, já que evidenciou a relação direta entre saúde mental e uma rotina em que caibam momentos com a família, lazer e cuidados com o corpo e a mente.
Podemos deduzir, então, que as empresas são responsáveis pela felicidade de seus times? Acredito que ser feliz é um projeto, acima de tudo, individual, que envolve inúmeras escolhas e circunstâncias, algumas delas imprevisíveis. No entanto, as organizações podem, sim, apoiar seus funcionários nessa busca tão valiosa.
Identificar o que aumenta ou diminui o nível de satisfação no trabalho e oferecer soluções é uma excelente iniciativa para melhorar o bem-estar de todos. Os efeitos desse movimento serão sentidos tanto na atração de talentos quanto no engajamento dos funcionários.
Em paralelo, cada profissional deve fazer a sua parte. Acredito que uma das melhores formas de se sentir feliz no trabalho é exercê-lo com um propósito maior do que o holerite. A seguir, destaco algumas medidas que contribuem para se ter uma atuação profissional mais significativa e recompensadora:
- defina propósito para você – esse conceito é muito variável e particular, por isso é necessário estabelecer a sua visão de propósito e agir para transformá-la em realidade;
- impacte os outros positivamente – participar de projetos que serão úteis à sociedade, apoiar os novatos na empresa ou ajudar a comunidade do entorno são modos de melhorar o universo ao seu redor e se sentir bem;
- leve em conta o prazer – não basta ser competente em uma área, é preciso que esse talento seja acompanhado da satisfação de colocá-lo em prática. Sem isso, a rotina se torna maçante e vazia;
- avalie sua compatibilidade com a empresa – ter valores e objetivos afinados é básico para se sentir pertencente a uma organização. O pertencimento propicia melhores relações interpessoais e estímulos para crescer junto com a companhia.
Para concluir, destaco que na vida real a felicidade nos escapa frequentemente, ainda mais no horário comercial. Ter maturidade para lidar com os altos e baixos no trabalho, sem se desesperar e jogar a toalha, é uma boa receita para ser feliz e para recuperar esse estado de espírito quando ele parecer distante.
Aqui, neste blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar