Daqui poucos dias, nós, brasileiros teremos uma importante obrigação cívica de ir às urnas escolher os candidatos de nossa preferência para diferentes cargos. Ao refletir sobre o processo eleitoral e o meu dia a dia como headhunter, fiquei imaginando quais os pontos que podem haver em comum com o processo de recrutamento, e que deveriam ser inseridos entre as muitas avaliações consideradas na escolha dos políticos.
- Resultados comprovados – Em um processo de seleção, buscamos extrair dos candidatos quais foram as contribuições reais para a empresa durante a ocupação dos cargos anteriores. Ou seja, é importante que o profissional saiba traduzir o seu papel nas funções em que desempenhou, por meio de ações concretas e resultados efetivos.
- Capacidade de Comunicação – Esta competência comportamental tem ganho especial relevância nos processos de recrutamento. Os profissionais são cada vez mais demandados a interagirem com outras áreas da organização e pares de diferentes níveis hierárquicos, uma vez que as estruturas tendem a ser horizontalizadas. No espectro político, essa habilidade é vital, pensando nos diálogos com diferentes públicos e em situações.
- Resiliência/trabalhar sob pressão – As empresas têm a necessidade constante de reduzir custos e aumentar a produtividade, ou seja, colocar em prática o famoso “mais com menos”. Para sobreviver a este cenário, é importante que o profissional tenha capacidade de manter o equilíbrio emocional mesmo e principalmente em situações de pressão e adversidades. Qualquer semelhança com a realidade da gestão pública, não é mera coincidência.
- Checagem de referências – Quando avaliamos um candidato para uma organização, passamos pela etapa de tomada de referência, que consiste em entrar em contato com ex-gestores, colegas e subordinados para validar o perfil do profissional e conferir se o que foi dito na sala de entrevista reflete o dia a dia da pessoa. No mundo da política, essa etapa pode ser feita também, analisando as informações disponíveis, sites de fast checking que apuram se uma informação dita corresponde à realidade.
Antes de investir o seu voto em um candidato, faça o exercício de se colocar na cadeira do recrutador, afinal, é o dinheiro dos seus impostos que irá remunerá-lo. E, todos sabemos os riscos e prejuízos de uma contratação equivocada.
Vale lembrar que, se no mundo corporativo, de acordo com pesquisa da Robert Half, 75% dos diretores já eliminaram um candidato por mentiras no currículo, as inconsistências no discurso dos candidatos também devem ser um ponto da nossa atenção.
#ficaadica
* Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half