Como afastar o pessimismo
Pesquisa da Robert Half detectou uma sensação de desânimo entre profissionais, mas lideranças podem e devem ajudar a reverter esse quadro
Publicado em 28 de abril de 2023 às, 09h44.
O alívio por terminar um ano cheio de indefinições, que teve Copa, eleições presidenciais e resquícios de pandemia, parece não ter durado muito. Pelo menos é o que mostra a primeira edição de 2023 do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), que apresentou uma sensação de pessimismo entre os profissionais ouvidos.
Os entrevistados foram igualmente divididos em três categorias: recrutadores (responsáveis pelo recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas), profissionais qualificados empregados e profissionais qualificados desempregados. Em todas elas, foi detectado um sentimento de desânimo, com taxa similar à identificada no primeiro trimestre de 2022.
O ICRH é um indicador de difusão que varia de 0 a 100. Os valores acima de 50 pontos indicam agentes do mercado de trabalho confiantes. Entre os profissionais, o índice era de 35,5 em março de 2022 e foi para 35,7 em março deste ano. Já para os recrutadores, a variação foi um pouco maior: há um ano, o indicador estava em 40,6 e, 12 meses depois, ficou em 38,5.
Um cenário parecido foi observado entre os desempregados. Ao refletir sobre os próximos seis meses, 37% deles estão pouco otimistas quanto às suas chances de recolocação no mercado. Sob outra perspectiva, 33% acreditam que a probabilidade de encontrar um emprego será maior.
Já na percepção dos profissionais empregados, atualmente 55% deles estão seguros quanto à sua posição. Avaliando o contexto dos próximos seis meses, 66% pensam que a situação tende a se manter igual, enquanto 22% pressupõem um aumento nessa confiança.
Embora a situação atual tenha piorado na percepção de todas as categorias analisadas, a visão dos próximos seis meses não chega a ser otimista, mas já sinaliza uma melhora. As categorias dos recrutadores e profissionais empregados apresentaram redução no pessimismo, enquanto os desempregados recuaram na confiança pelo segundo trimestre consecutivo.
O motivo de pessimismo que mais se destaca é a imprevisibilidade econômica. Os fatos, porém, não comprovam esse receio. De acordo com os resultados da Pnad, a taxa de desemprego dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos, com ensino superior completo) foi de 3,8% no quarto trimestre de 2022. A taxa de desemprego geral foi de 7,9% no mesmo período. Ambas as taxas são as mais baixas desde 2015.
A diminuição no índice de desemprego vem sendo observada de modo consistente nos últimos trimestres e é influenciada pela manutenção do crescimento da população ocupada. Ou seja, os bons talentos estão, em sua maioria, empregados e cada vez mais disputados. Não é à toa que neste momento os RHs estão preocupados com a dificuldade de reter seus melhores profissionais.
É hora de investir no engajamento dos times
Se o panorama é um pouco menos dramático do que a percepção de profissionais e recrutadores a respeito dele, o que fazer? Como abrir um horizonte mais otimista nas empresas? Uma das alternativas é apostar em medidas para melhorar o nível de engajamento das equipes. Funcionários engajados têm uma relação mais saudável e positiva com o trabalho.
Abaixo, descrevo algumas dessas medidas:
Note que em todas as ações dedicadas a melhorar o engajamento dos colaboradores e, por tabela, reduzir o pessimismo, o papel do líder é crucial. Se ele reconhece e valoriza sua equipe, deve pôr em prática ações coerentes com essa visão. Um líder engajado automaticamente estimulará o engajamento de todos ao seu redor. Aposte nisso.
Aqui, neste blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks
*Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar