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Campinas não vai parar

*Caio Arnaes Ser um dos principais pólos industriais do País está no DNA da Região Metropolitana de Campinas (RMC).  A região, por exemplo, foi o berço da indústria automotiva com a chegada da Romi S/A em Santa Barbara d’Oeste, em 1951. É este segmento novamente que deve garantir novos louros à região nos próximos anos. O que se observa na RMC é a retomada deste seguimento com investimentos de peso […] Leia mais

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Fernando Mantovani — Sua Carreira, Sua Gestão

Publicado em 4 de setembro de 2012 às, 17h05.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h19.

*Caio Arnaes

Ser um dos principais pólos industriais do País está no DNA da Região Metropolitana de Campinas (RMC).  A região, por exemplo, foi o berço da indústria automotiva com a chegada da Romi S/A em Santa Barbara d’Oeste, em 1951. É este segmento novamente que deve garantir novos louros à região nos próximos anos.

O que se observa na RMC é a retomada deste seguimento com investimentos de peso de montadoras em construções de novas fábricas e indústrias. A tendência mais do que natural é de que outras empresas da cadeia automotiva como fornecedores de autopeças sigam o caminho destes investimentos e também continuem a fincar suas bandeiras na região.

Este movimento já dá sinais de impacto no mercado regional e um olhar mais aprofundado apenas sob o prisma da indústria automotiva explica também porque o mercado de trabalho da região não deve sofrer no longo prazo, pelo contrário, viver bons momentos.

Diferente do que acontece na bolsa de valores em que o sobe e desce acontece diversas vezes ao longo do mesmo dia, o segmento automotivo vive de projetos de longo prazo.  O projeto pode até tardar em se concretizar, em alguns casos, mas quando determinada montadora decide efetivamente investir um uma unidade isso acontecerá. Além do segmento automotivo, a região também se mantém em alta no segmento petroquímico por conta do que a Replan, em Paulínia, movimenta somada à chegada de investimentos contínuos de empresas da área de tecnologia e ligados ao agronegócio.

Este é o cenário que a Região Metropolitana de Campinas vive no momento e, portanto não há indícios de mudanças negativas em curto e médio prazo, pelo menos. Do ponto de vista do mercado de trabalho regional, o impacto de maior volume, claro, é no chão de fábrica com aumento expressivo na contratação de mão de obra operacional. Como a demanda para os próximos anos será alta, muitas empresas já tentam se precaver no intuito de escapar da escassez de mão de obra apostando em investimentos em formação técnica e parcerias com entidades de ensino como o Senai.

O reflexo, no entanto, vai, além disso. A demanda por profissionais qualificados na faixa conhecida como média e alta gerência, ou seja, de pessoas que tem remuneração mensal entre R$5.000,00 e R$22.000,00 também tem se destacado nos últimos anos, mas ainda está longe de chegar ao seu potencial e deve seguir com taxas de crescimento relevante.

Por conta do perfil e DNA de Região Metropolitana de Campinas, naturalmente, a demanda nesta faixa do mercado de trabalho tem sido por talentos de engenharia desde Vendedores Técnicos, Engenheiros e Coordenadores de Segurança do Trabalho, Gerentes Industriais, Coordenadores de Qualidade e Gerentes Contábeis.

O mercado de trabalho de Campinas e região tem sido influenciado principalmente por contratações com foco em expansão das empresas. Mas esta não tem sido a única motivação. Há demandas por profissionais com foco em substituição, ou seja, empresários de olho no momento econômico e voltados à melhoria de resultados e desempenho de seus colaboradores. A opção é de tornar o quadro com nível mais elevado e significa desligar aqueles trabalhadores com menor poder de entrega e buscar no mercado os outros mais qualificados.

Como se sabe, a taxa de desemprego na faixa de média e alta gerência, que abrange a mão de obra com maior qualificação, é menor do que a média total, e o crescente aumento na demanda profissional tem gerado também a necessidade de as empresas reporem as peças perdidas para a concorrência na briga pelos melhores talentos do mercado.

Neste cenário de busca por profissionais qualificados para trabalhar na região, apesar de Campinas sempre ter se destacado por ser uma região formadora de mão de obra, o crescimento constante da demanda, com ênfase nos últimos anos, impactou no aumento do número de contratações de trabalhadores da capital e consequentemente o fluxo diários deles nas rodovias que interligam as cidades.

A região, no entanto, vive outra transformação. Não há dúvidas de que os profissionais qualificados da capital paulista interessam às empresas da RMC, mas cada vez mais há a desconfiança se são ou não capazes de suportar as idas e vindas diárias entre as cidades com o aumento do trânsito e estresse causado por ele.  Caso o profissional não aceite morar na região de Campinas, já é possível observar empresas optarem por trazer profissionais de distâncias maiores do que a cidade de São Paulo para não correr o risco de contratar e perder o talento para o trânsito, por exemplo.

Se por um lado a Região Metropolitana de Campinas pode respirar o otimismo de um cenário positivo do ponto de vista econômico e da geração de oportunidades de emprego, por outro terá de lidar com o constante desafio de preencher estas lacunas.

*Caio Arnaes é Engenheiro e responsável pela operação da Robert Half na região de Campinas