A nova geração de escritórios
*Por Mariana Horno O mercado de Direito no Brasil acaba de iniciar um novo boom de novos escritórios. Como toda novidade ainda há um campo de incertezas sobre as razões para o surgimento de novos escritórios e o rumo que isso trará para a advocacia como um todo. Para entender este novo movimento é preciso voltar na história. Até a década de 90, o Brasil possuía polos certos e disseminados […] Leia mais
Publicado em 8 de agosto de 2012 às, 15h15.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h21.
*Por Mariana Horno
O mercado de Direito no Brasil acaba de iniciar um novo boom de novos escritórios. Como toda novidade ainda há um campo de incertezas sobre as razões para o surgimento de novos escritórios e o rumo que isso trará para a advocacia como um todo.
Para entender este novo movimento é preciso voltar na história. Até a década de 90, o Brasil possuía polos certos e disseminados de Direito concentrados nos tradicionais escritórios de grandes portes. Há 15 anos, teve início a primeira onda de cisões dentro dessas estruturas. Este movimento foi iniciado em sua maioria por sócios ou profissionais seniores que vislumbravam a possibilidade de criar culturas diferentes das predominantes nos grandes escritórios. Desta forma surgiram estruturas mais enxutas, com expectativa de atendimento customizado e sem deixar de oferecer alta capacidade técnica. Foi também o período em que começaram a surgir as boutiques jurídicas.
Os sinais de agora evidenciam o surgimento de uma nova geração de escritórios. Desta vez, no entanto, os “desertores” não vêm apenas dos grandes escritórios, mas, principalmente, das estruturas criadas na primeira cisão.
As razões para esta nova onda de abertura de escritórios ainda estão no campo da incerteza, mas é possível apontar algumas hipóteses. A primeira e mais natural é a de que o bom momento da economia brasileira favorece e dá segurança para o viés empreendedor e a abertura de negócios. Outro ponto importante é que as estruturas enxutas criadas na primeira geração pós-cisão, trouxe também o problema da falta de plano de sucessão. Sem perspectivas no horizonte, muitos profissionais seniores preferem seguir seu voo solo na carreira. Por fim, muitos escritórios que surgiram no primeiro movimento não obtiveram êxito no esforço de criar culturas diferentes dos grandes escritórios, até pela falta de estrutura.
O que se sabe é que o novo movimento gera oportunidades para os profissionais, já que há mais mercado disponível. Cabe ao profissional avaliar se as oportunidades garantirão solidez em seu currículo e a especialização demandada na carreira. Além disso, os escritórios recém-abertos utilizam como ferramenta de atração profissional políticas agressivas de remuneração. A consequência é uma inflação salarial no segmento e a dificuldade de retenção para os escritórios que foram cindidos.
Vale à pena observar como ficará a configuração do cenário do mercado de Direito quando este novo movimento se consolidar.
*Mariana Horno é gerente sênior das divisões de Legal, RH e TI da Robert Half