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Transição de carreira: desafios e vantagens das startups

O que quem está buscando novas oportunidades precisa saber antes de se aventurar, seja para trabalhar em empresas inovadoras ou mesmo para empreender

Carreira: o interesse crescente pelas startups se deve ao sucesso das empresas que fizeram história no Brasil nos últimos anos, se tornando unicórnios ou fazendo IPOs (sergeichekman/Thinkstock)
Carreira: o interesse crescente pelas startups se deve ao sucesso das empresas que fizeram história no Brasil nos últimos anos, se tornando unicórnios ou fazendo IPOs (sergeichekman/Thinkstock)
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Sandya Coelho

Publicado em 7 de outubro de 2021 às, 10h00.

Última atualização em 7 de outubro de 2021 às, 11h23.

Por Sandya Coelho

Quando comecei a trabalhar em startups, poucas pessoas sabiam o que eu fazia. Algumas até me questionaram duramente do porquê eu trocaria empresas grandes e bem estruturadas para me aventurar nas novatas. Hoje, sete anos depois, o cenário está bem diferente porque muitos conhecidos, ou não, me procuram para conversar sobre como é o meu trabalho e de que forma podem fazer uma transição de carreira. O que eu sempre conto é que é uma experiência única e que molda o perfil profissional e a forma como nos reinventamos e inovamos.

O interesse crescente pelo mercado de trabalho em startups se deve muito ao sucesso das empresas que fizeram história no Brasil nos últimos anos, se tornaram unicórnios, fizeram IPO e exploraram novos mercados com uma expansão internacional. Isso tem permitido às pessoas visualizarem novas oportunidades de crescer profissionalmente, entendendo melhor os desafios e vantagens que uma experiência em startup proporciona.

Outro fator que tem colaborado para que essas empresas inovadoras sejam cada vez mais consideradas como opção em uma transição de carreira é devido ao processo de digitalização que o mercado em si vem passando nos últimos anos, especialmente depois de 2020 com a pandemia. A necessidade de companhias de diversos segmentos considerarem a importância do processo de digitalização deu ainda mais poder às startups, que passaram a ser vistas como potenciais parceiros em negociações estratégicas, e também de fusões e aquisições.

Mas antes mesmo de iniciar essa transição, é preciso analisar o estágio em que está a empresa para entender se há identificação. As startups early stage, por exemplo, são as que ainda estão modelando o negócio e descobrindo formas de desbravar o mercado - também em busca de financiamento (fundos Anjo ou Venture Capital) para investir na operação e no desenvolvimento do produto. Já as empresas scale-up estão num estágio mais avançado, pois já provaram seu produto no mercado e estão buscando agora ganhar escala, trazer mais usuários e gerar mais negócios. E ainda, há startups unicórnios que já cresceram, fizeram ou não o breakeven, mas valem mais de US$ 1 bilhão em valor de mercado. Outro tipo de estágio que tem crescido no último ano no Brasil é o de startups que chegaram ao IPO, abriram capital na bolsa de valores e passaram a ter suas ações negociadas abertamente, como é o caso do GetNinjas, onde trabalho há cinco anos.

Os desafios são diferentes em cada um desses estágios e momentos. Por isso, primeiro é importante analisar mais a fundo a oportunidade de assumir uma posição numa dessas empresas de tecnologia. Nas early stage há a criação de uma área do zero, a estruturação de times, o desenho de processos, o lançamento e o teste de produtos.

Já as scale-up podem apresentar desafios mais interessantes para profissionais de marketing que queiram aplicar o conhecimento técnico nas empresas com alto potencial de crescimento, construindo uma marca com reputação sólida no mercado e canais de aquisição que operam de forma escalável. E ainda, as unicórnios e as que já fizeram IPO, que estão em estágios mais avançados e buscam estruturas mais organizadas, incluindo posições seniores à frente das áreas, criando novos produtos que apoiem o negócio e fazendo aquisições, por exemplo, como forma de consolidar o posicionamento de liderança de mercado.

No GetNinjas, onde comecei a trabalhar em 2016, tive o desafio inicial de criar uma estrutura de comunicação do zero, desenvolver times e criar novas áreas que apoiassem o negócio, como a de parcerias estratégicas. Apesar das experiências que tive ao longo desses anos, enfrentando inclusive momentos desafiadores para o negócio - como durante o início da pandemia -, o aprendizado, oportunidade de criar e inovar me proporcionaram uma experiência única e me moldaram como profissional. Se antes eu tinha uma vivência mais voltada para a área de humanas, após mais de cinco anos em startup, aprendi a ter um olhar mais estratégico para a análise de dados e, a partir deles, direcionar melhor os objetivos do negócio.

Diferente do que muitas pessoas pensam, acredito que migrar de uma empresa tradicional para uma startup pode ser um negócio muito lucrativo. Por ainda estarem desenhando suas estruturas e criando novas posições, as empresas inovadoras estão constantemente abrindo oportunidades, que são mais estratégicas. Basta olhar os sites de vagas para conferir as centenas de novas posições abertas.

Além disso, as startups costumam possuir um modelo de stock options que pode ser muito atrativo para os profissionais. Atrelado ao salário, essas empresas desenham modelos de remuneração que podem incluir a participação em ações na empresa, o que no futuro, num momento de venda de participação com a entrada de um investidor novo, de fusão, venda ou de um IPO, pode ser revertido em uma boa quantia em dinheiro para quem detém as options.

Para quem está se decidindo em começar a atuar nessas empresas digitais vale uma análise mais profunda do mercado ao qual elas estão inseridas para considerar os prós e contras de uma experiência profissional em uma startup. Ainda que para uma experiência temporária, acredito que há muito mais pontos a favor e que essa experiência pode abrir muitas oportunidades profissionais e pessoais.