As favelas não são uma potência futura. São potência já
As 10 maiores comunidades somam atualmente R$7,9 bilhões em consumo
Diretor Executivo no Sistema B Brasil
Publicado em 28 de novembro de 2023 às 14h08.
Por Rodrigo Santini e Gilson Rodrigues (*)
A cada amanhecer nas favelas brasileiras, ecoa o som da resiliência, da luta e do desejo de transformação dos seus moradores. Abrigada em becos, esquinas e morros, há uma força criativa, cultural e econômica profunda. Falta-lhes, entretanto, reconhecimento e espaço.
Precisamos investir nas favelas e incorporar suas comunidades aos centros financeiros. Não se trata apenas de uma questão de responsabilidade social ou de cumprimento de metas de sustentabilidade. Incluir, de forma intencional, as populações periféricas é também uma estratégia assertiva de gerar não apenas lucro para as empresas, mas negócios, propósito e novas ideias. E as favelas não são um potencial futuro. Elas já são, agora, no presente, um espaço de muita potência.
As 10 maiores comunidades – que se uniram com o nome de G10 Favelas – somam atualmente R$7,9 bilhões em consumo. Considerando os 20 milhões de brasileiros vivendo em 14.000 favelas, esse contingente movimenta cerca de R$200 bilhões por ano. É inegável a força que esses territórios representam.
E por que o Sistema B Brasil se une ao G10 Favelas para falar desse tema? Porque somos um movimento global que nasceu com a ambição de redefinir o sucesso de uma empresa, por meio de líderes determinados a moldar um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para todos. E, claro, quando falamos em inclusão, a atuação nas favelas se torna primordial.
Olhar para esses territórios apenas como espaços de carência ou violência é um erro em sua essência. As mazelas sociais enfrentadas por moradores de favelas não se devem a algo predestinado ou, muito menos, por um processo meritocrático. Isso é resultado de questões históricas estruturais, que definem que territórios têm acesso a uma vida plena e quais ficam à margem desse processo. Todos buscamos desenvolvimento, cultura, educação e oportunidades. A favela quer ser vista e, principalmente, integrada ao tecido socioeconômico do país.
Paraisópolis, na capital paulista, tem iniciativas que mostram que isso é possível, como a criação da Bolsa de Valores da Favela (para atração de investidores) e da startup de logística Favela Brasil Express, só para citar dois exemplos exitosos. Há ainda o G10 Bank, financeira que visa fomentar o crescente empreendedorismo local e fortalecer o potencial econômico na comunidade.
Por outro lado, existem diversas barreiras que impedem o pleno desenvolvimento desses projetos: a falta de capacitação, do incentivo, da infraestrutura e do financiamento adequado. Aqui reside mais um chamado para a iniciativa privada: investir e contribuir para uma economia inclusiva e sustentável. Sejam grandes, médias, pequenas empresas ou até multinacionais, na favela, há negócios para todos.
Os investimentos não apenas fomentam o empreendedorismo local, como também estimulam a visibilidade a histórias de sucesso frequentemente negligenciadas. Acima de tudo, quando incluímos os excluídos, promovemos uma sociedade mais digna e viável - como é possível sustentar uma vida com qualidade em uma sociedade que negligencia tantos? Resultados financeiros que incluem populações historicamente excluídas geram, a médio e longo prazo, mais negócios, mais saúde, mais segurança, mais educação. Ao final, uma sociedade democraticamente mais forte.
Os empreendedores das favelas não estão pedindo favores, mas sim, consistência e ações de apoio verdadeiras, que geram benefícios e impacto real. Investir nesses territórios significa criar um Brasil mais integrado, onde todos têm acesso a oportunidades e direitos.
Olhar para as favelas com o olhar objetivo e sem estereótipos rasos nos ajuda a pensar em mais negócios e oportunidades. Acima de tudo, nos faz entender que incluir é processo essencial para os que pregam uma sociedade realmente mais inclusiva, equitativa e regenerativa. Para o bem de seus negócios e as vidas de todas as pessoas. E isso é urgente. Isso é pra já!
*Gilson Rodrigues é líder do G10 Favelas e conselheiro do Sistema B Brasil; e Rodrigo Santini é diretor-executivo do Sistema B
Por Rodrigo Santini e Gilson Rodrigues (*)
A cada amanhecer nas favelas brasileiras, ecoa o som da resiliência, da luta e do desejo de transformação dos seus moradores. Abrigada em becos, esquinas e morros, há uma força criativa, cultural e econômica profunda. Falta-lhes, entretanto, reconhecimento e espaço.
Precisamos investir nas favelas e incorporar suas comunidades aos centros financeiros. Não se trata apenas de uma questão de responsabilidade social ou de cumprimento de metas de sustentabilidade. Incluir, de forma intencional, as populações periféricas é também uma estratégia assertiva de gerar não apenas lucro para as empresas, mas negócios, propósito e novas ideias. E as favelas não são um potencial futuro. Elas já são, agora, no presente, um espaço de muita potência.
As 10 maiores comunidades – que se uniram com o nome de G10 Favelas – somam atualmente R$7,9 bilhões em consumo. Considerando os 20 milhões de brasileiros vivendo em 14.000 favelas, esse contingente movimenta cerca de R$200 bilhões por ano. É inegável a força que esses territórios representam.
E por que o Sistema B Brasil se une ao G10 Favelas para falar desse tema? Porque somos um movimento global que nasceu com a ambição de redefinir o sucesso de uma empresa, por meio de líderes determinados a moldar um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para todos. E, claro, quando falamos em inclusão, a atuação nas favelas se torna primordial.
Olhar para esses territórios apenas como espaços de carência ou violência é um erro em sua essência. As mazelas sociais enfrentadas por moradores de favelas não se devem a algo predestinado ou, muito menos, por um processo meritocrático. Isso é resultado de questões históricas estruturais, que definem que territórios têm acesso a uma vida plena e quais ficam à margem desse processo. Todos buscamos desenvolvimento, cultura, educação e oportunidades. A favela quer ser vista e, principalmente, integrada ao tecido socioeconômico do país.
Paraisópolis, na capital paulista, tem iniciativas que mostram que isso é possível, como a criação da Bolsa de Valores da Favela (para atração de investidores) e da startup de logística Favela Brasil Express, só para citar dois exemplos exitosos. Há ainda o G10 Bank, financeira que visa fomentar o crescente empreendedorismo local e fortalecer o potencial econômico na comunidade.
Por outro lado, existem diversas barreiras que impedem o pleno desenvolvimento desses projetos: a falta de capacitação, do incentivo, da infraestrutura e do financiamento adequado. Aqui reside mais um chamado para a iniciativa privada: investir e contribuir para uma economia inclusiva e sustentável. Sejam grandes, médias, pequenas empresas ou até multinacionais, na favela, há negócios para todos.
Os investimentos não apenas fomentam o empreendedorismo local, como também estimulam a visibilidade a histórias de sucesso frequentemente negligenciadas. Acima de tudo, quando incluímos os excluídos, promovemos uma sociedade mais digna e viável - como é possível sustentar uma vida com qualidade em uma sociedade que negligencia tantos? Resultados financeiros que incluem populações historicamente excluídas geram, a médio e longo prazo, mais negócios, mais saúde, mais segurança, mais educação. Ao final, uma sociedade democraticamente mais forte.
Os empreendedores das favelas não estão pedindo favores, mas sim, consistência e ações de apoio verdadeiras, que geram benefícios e impacto real. Investir nesses territórios significa criar um Brasil mais integrado, onde todos têm acesso a oportunidades e direitos.
Olhar para as favelas com o olhar objetivo e sem estereótipos rasos nos ajuda a pensar em mais negócios e oportunidades. Acima de tudo, nos faz entender que incluir é processo essencial para os que pregam uma sociedade realmente mais inclusiva, equitativa e regenerativa. Para o bem de seus negócios e as vidas de todas as pessoas. E isso é urgente. Isso é pra já!
*Gilson Rodrigues é líder do G10 Favelas e conselheiro do Sistema B Brasil; e Rodrigo Santini é diretor-executivo do Sistema B