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Colunista
Publicado em 16 de abril de 2025 às 20h09.
Em uma era onde uso dos dados parece reinar no imaginário de muitas empresas e executivos, falar em desenvolver uma estratégia baseada em aspectos menos racionais ou com uma menor comprovação estatística parece meio loucura.
Claro que ter e analisar dados para tomadas de decisões é fundamental. Parte do meu trabalho inclusive é auxiliar as empresas nisso, mas a minha grande missão, na verdade, é ajudar empresas a construírem bons relacionamentos com seus diversos tipos de públicos, para que as experiências deles com a marca sejam cada vez mais marcantes e muitas vezes, os insights para isso não vêm através dos dados.
Lembro sempre de que estamos vivendo tempos de grandes e rápidas transformações nos comportamentos de compra e de relacionamento das pessoas com as marcas, principalmente das gerações mais novas.
E a grande consequência destas transformações é que os dados que as empresas possuem sobre os seus clientes e que representam muito bem o passado deste relacionamento, podem não ser as melhores referências para definir o comportamento futuro e, nem mesmo, direcionar a busca por novos clientes das novas gerações.
Na minha opinião, a busca incessante por respostas nos dados está fazendo com que as empresas ignorem o que antigamente chamávamos de feeling profissional, ou seja, aquele sentimento de que algo está certo ou errado, independente do que a lógica ou a razão pode eventualmente nos fazer crer.
É errado buscar informações em banco de dados? Claro que não. Como eu disse, é importante termos dados, algoritmos, inteligência artificial, modelos preditivos, automações de marketing e tudo mais que a tecnologia está permitindo fazer. Não devemos chegar ao extremo de ignorar tudo isso, mas também não devemos chegar ao extremo de achar que todas as respostas virão apenas pelo uso da tecnologia e dos dados.
Também não podemos perder a sensibilidade e a consciência de que o cliente é um ser humano e como tal, sujeito a mudar de ideia e opinião sobre uma marca por conta de variáveis que talvez nunca sejam armazenadas de maneira mais estruturada em um banco de dados.
A tecnologia hoje é muito acessível para praticamente todas as empresas e é importante saber usá-la da maneira correta, ou seja, como uma ferramenta apenas e não como a grande solução estratégica. Por isso, não ignore a emoção nas análises de dados e, se tiver coragem, até deixe um pouco os dados de lado para tentar identificar aquela “coisa intangível” que a sua empresa pode ter e que fará com que as pessoas queiram se relacionar com ela e não com o seu concorrente.