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Há espaço para um superministro no Brasil?

EXAME procurou antigos ocupantes do posto mais importante da economia para falar sobre a possibilidade de um todo-poderoso na condução da área

Zélia Cardoso: no início dos anos 90, a então ministra da economia absorveu seis Pastas. Não deu certo. Logo após o impeachment de Collor, Itamar recriou os ministérios (Antonio Millena/Veja/VEJA)
Zélia Cardoso: no início dos anos 90, a então ministra da economia absorveu seis Pastas. Não deu certo. Logo após o impeachment de Collor, Itamar recriou os ministérios (Antonio Millena/Veja/VEJA)
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Primeiro Lugar

Publicado em 11 de outubro de 2018 às, 05h33.

Última atualização em 11 de outubro de 2018 às, 11h18.

Uma das poucas definições do time de Jair Bolsonaro (PSL), caso eleito, é a nomeação do conselheiro econômico Paulo Guedes para um superministério. A ideia é juntar os ministérios da Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio, além da Secretaria-Geral da Presidência. Por não entender nada de economia, como vem repetindo na campanha, Bolsonaro delegaria para Guedes o planejamento, a execução e as negociações das políticas econômicas. EXAME procurou antigos ocupantes do posto mais importante da economia para falar sobre a possibilidade de um todo-poderoso na condução da área.

Maílson da Nóbrega, que ocupou o cargo por um ano e meio no governo de José Sarney, não enxerga viabilidade na estratégia. “O Ministério da Fazenda já é um gigante: ele toma facilmente 14 horas por dia do ministro. Como ele vai tocar os outros em grau de igualdade?”, diz Maílson. Um dos nomes do Plano Real e ministro do ex-presidente Itamar Franco, Rubens Ricupero não vê benefícios na fusão de ministérios: “Juntar tudo é uma bobagem. Você não consegue cortar gastos, pois são funcionários concursados, e assim fica algo impossível de manejar”.

A ideia, no entanto, ganhou eco em Antônio Delfim Netto, ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento durante o regime militar — ele mesmo considerado um superministro na época. “Ele poderia ter alguns subministros e atuar na coordenação. Se tiver um programa adequado, pode dar resultado”, diz Delfim. No início dos anos 90, a então ministra Zélia Cardoso de Mello absorveu seis Pastas, incluindo a do Planejamento e a da Indústria e Comércio. Não deu certo. Logo após o impeachment de Fernando Collor, Itamar Franco recriou os ministérios.