Uma saída além do aeroporto
Estratégias para proteger e diversificar o patrimônio em um cenário de incertezas
Panorama Econômico
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 16h46.
O Brasil, infelizmente, é um país onde até o passado é incerto. A incerteza provém da instabilidade das normas jurídicas que ou mudam frequentemente, ou têm sua interpretação alterada via jurisprudência, tornando o planejamento de longo prazo, além de complexo, altamente custoso. Eleva-se o nível de incerteza se incorporarmos o risco político – seja pela esquerda ou pela direita, o que nos falta é liberalismo – e o risco econômico, traduzido por uma economia limitada e que, mesmo no setor mais pujante, o agronegócio, depende de muitos insumos importados e tem seus preços determinados pelo mercado internacional. Ou seja, nos falta produzir tecnologias de alto valor agregado, como satélites ou nanotecnologias.
Qual é a saída, então? Como respondeu o brilhante economista Roberto Campos, elas são três: “o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo.” O liberalismo no Brasil é algo praticamente impensável de dar certo: nosso DNA é socialista-patrimonialista-populista, seja à direita ou à esquerda. Quanto à saída via aeroporto, a realidade é que a grande maioria não pode deixar sua vida profissional e ir morar em outro país.
O desafio, então, passa a ser a gestão do patrimônio quando há a consciência dos riscos existentes em um país como o Brasil. Sob o olhar da proteção patrimonial, a busca recai sobre soluções que tenham robustez jurídica para garantir que o que foi elaborado hoje será respeitado na transmissão dos bens para os sucessores. No Brasil, ferramentas simples, como a doação em vida ou a constituição de uma holding patrimonial, são comuns na organização do patrimônio para ser melhor administrado e, posteriormente, transmitido às gerações futuras.
Uma reflexão importante que também precisa ser feita, juntamente com um profissional qualificado na área, é a possibilidade de parte do patrimônio estar alocado em uma jurisdição diferente. Ao diversificar o risco Brasil, expondo o patrimônio a leis com maior respeitabilidade e histórico de cumprimento de regras, diminui-se o chamado risco Brasil existente e, principalmente, o risco de novas burocracias e impostos que possam vir a ser criados no futuro.
Complementando a respeitabilidade jurídica e a solidez da moeda, a internacionalização do patrimônio permite acesso aos mercados de todo o mundo com papéis de grandes companhias, sejam as tradicionais, sejam as de alta tecnologia. Dentro do planejamento patrimonial, a internacionalização também possibilita estratégias de gestão e sucessão patrimonial bem menos onerosas que as do Brasil. Como pode ser observado, um olhar macro e global na gestão do patrimônio das famílias deixa o aeroporto apenas para continuarmos a usufruir das viagens de férias!
Diogo Sá Carvalho é consultor e economista da Lime Prime Multi Family Office. Formado em Economia pela Universidade Federal de Rio Grande – Furg, Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Pelotas com MBA em Finanças, Investimentos e Banking pela PUCRS.
O Brasil, infelizmente, é um país onde até o passado é incerto. A incerteza provém da instabilidade das normas jurídicas que ou mudam frequentemente, ou têm sua interpretação alterada via jurisprudência, tornando o planejamento de longo prazo, além de complexo, altamente custoso. Eleva-se o nível de incerteza se incorporarmos o risco político – seja pela esquerda ou pela direita, o que nos falta é liberalismo – e o risco econômico, traduzido por uma economia limitada e que, mesmo no setor mais pujante, o agronegócio, depende de muitos insumos importados e tem seus preços determinados pelo mercado internacional. Ou seja, nos falta produzir tecnologias de alto valor agregado, como satélites ou nanotecnologias.
Qual é a saída, então? Como respondeu o brilhante economista Roberto Campos, elas são três: “o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo.” O liberalismo no Brasil é algo praticamente impensável de dar certo: nosso DNA é socialista-patrimonialista-populista, seja à direita ou à esquerda. Quanto à saída via aeroporto, a realidade é que a grande maioria não pode deixar sua vida profissional e ir morar em outro país.
O desafio, então, passa a ser a gestão do patrimônio quando há a consciência dos riscos existentes em um país como o Brasil. Sob o olhar da proteção patrimonial, a busca recai sobre soluções que tenham robustez jurídica para garantir que o que foi elaborado hoje será respeitado na transmissão dos bens para os sucessores. No Brasil, ferramentas simples, como a doação em vida ou a constituição de uma holding patrimonial, são comuns na organização do patrimônio para ser melhor administrado e, posteriormente, transmitido às gerações futuras.
Uma reflexão importante que também precisa ser feita, juntamente com um profissional qualificado na área, é a possibilidade de parte do patrimônio estar alocado em uma jurisdição diferente. Ao diversificar o risco Brasil, expondo o patrimônio a leis com maior respeitabilidade e histórico de cumprimento de regras, diminui-se o chamado risco Brasil existente e, principalmente, o risco de novas burocracias e impostos que possam vir a ser criados no futuro.
Complementando a respeitabilidade jurídica e a solidez da moeda, a internacionalização do patrimônio permite acesso aos mercados de todo o mundo com papéis de grandes companhias, sejam as tradicionais, sejam as de alta tecnologia. Dentro do planejamento patrimonial, a internacionalização também possibilita estratégias de gestão e sucessão patrimonial bem menos onerosas que as do Brasil. Como pode ser observado, um olhar macro e global na gestão do patrimônio das famílias deixa o aeroporto apenas para continuarmos a usufruir das viagens de férias!
Diogo Sá Carvalho é consultor e economista da Lime Prime Multi Family Office. Formado em Economia pela Universidade Federal de Rio Grande – Furg, Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Pelotas com MBA em Finanças, Investimentos e Banking pela PUCRS.