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Investindo com pensamento fora da caixa

Dicas de investimento diversificado do expert Gabriel Cintra

Nossa tão famosa poupança pode até trazer uma falsa sensação de segurança a quem tem recursos guardados (Nora Carol Photography/Getty Images)
Nossa tão famosa poupança pode até trazer uma falsa sensação de segurança a quem tem recursos guardados (Nora Carol Photography/Getty Images)

Por Gabriel Cintra*

A nossa tão famosa poupança pode até trazer uma falsa sensação de segurança a quem tem recursos guardados, porém, já se foi o tempo em que a caderneta era um investimento seguro e rentável. Com o CDI atingindo os patamares que alcança hoje e com um mercado financeiro e de capitais desenvolvidos no Brasil, o custo de oportunidade ao deixar o nosso rico dinheirinho na poupança aumentou - e muito!  

Felizmente, esses antigos hábitos vêm mudando e, quando se fala em investimento, até mesmo a Caixa Econômica oferece carteiras mais básicas. Por outro lado, quando se busca algo mais sofisticado e diversificado, são as plataformas independentes que se destacam pela pluralidade de produtos financeiros. No entanto, é preciso cautela. Diante de tantas opções à disposição do investidor, escolher um bom conjunto de ativos para montar um portfólio de investimentos é uma tarefa que requer planejamento, disciplina e conhecimento sobre mercado e produtos. 

E falando em conhecimento de mercado, gestores de investimentos precisam mostrar valor e consistência a longo prazo para fazerem valer o 2 com 20, que, no jargão do mercado, indica uma dedicação de 2% em administração e de 20% em performance. Nessa indústria, é essencial mostrar resultados consistentes para justificar os custos associados.  

Se analisarmos o ano de 2023, por exemplo, observamos que muitos gestores da indústria de multimercado não conseguiram superar o CDI, resultando em rentabilidade das carteiras abaixo das expectativas. Nomes badalados no mercado acabaram “errando a mão”. Porém, não se pode deixar de destacar aqueles que desempenharam muito bem seu papel na indústria de fundos. Escritórios como AZ Quest Multi Max, Canvas Vector e Artesanal se destacaram como exceções notáveis. Isso ressalta a importância de uma seleção criteriosa de gestores.   

À medida que o mercado de capitais amadurece, os investidores naturalmente se adaptam a essa evolução. E é tempo de fazer mais exigências. Pedir não somente por um cardápio de produtos, mas pelo melhor produto do cardápio! Um time apenas de zagueiros não faz gol. Então, ainda que conservador, o investidor pode “ganhar o jogo” se considerar investir, por exemplo, em NTN-Bs (títulos públicos indexados à inflação), que, alocadas corretamente, são muito mais eficazes que poupança, gerando ganhos potenciais em cima da curva de juros.  

Indo adiante, papéis de renda fixa atrelados à inflação causam efeitos positivos nas carteiras se os riscos de crédito privado e prazos forem bem dimensionados. Nesta hora, a ajuda profissional vale ouro! Os casos recentes de Americanas e Light, que geraram turbulência no mercado de renda fixa em 2023, são exemplos de riscos mal dimensionados.  

Bons gestores de crédito estão se destacando no mercado com sua performance. Tívio (antiga BV Asset), Porto Seguro, Az Quest e Atena são alguns nomes que merecem destaque dentro do cenário de renda fixa. 

Os ETFs são outra classe de ativos que compõem muito bem uma carteira. Esta sigla ainda pouco conhecida vem do inglês Exchange Traded Funds (Fundos Negociados em Bolsa). Trata-se de um tipo de fundo de investimento que replica um índice de mercado, como o Ibovespa da Bolsa Brasileira ou o S&P da bolsa americana, de forma passiva. A composição desses fundos é pensada para acompanhar os rendimentos do índice de referência ou ter uma correlação significativa com ele.  

Um exemplo notável é o IBOV11, um dos ETFs mais conhecidos, que tem como referência o índice Bovespa (IBOV) e busca replicar sua performance diariamente. Por se limitar à replicação do índice, esse ETF tem uma taxa de administração bastante baixa, muitas vezes entre 0,2% e 0,3% ao ano (como no caso do IBOV11), e não cobra performance fee. Isso torna o ETF uma opção econômica e diversificada para os investidores. 

Com a queda recente da Selic, o investidor que busca rentabilidade precisa se submeter a um pouco mais de risco, sempre indo de acordo com o seu perfil de tolerância. diversas alternativas de investimentos para todos os públicos.  

Outra atitude promissora para o investidor é pensar “fora das fronteiras”. Os países desenvolvidos representam um porto muito mais seguro e, hoje, qualquer investidor pode ter acesso a uma carteira internacional. Lá fora, como os juros altos (5,25% à 5,5%) e com inflação apontando tendência de queda nos Estados Unidos, investir em Bonds de empresas de boa classificação de risco com um prazo adequado tem sido uma alternativa de diversificação atraente. 

Mas, atente-se! Em breve, a janela de oportunidade que estamos experimentando para investir em ativos internacionais pode se fechar, especialmente quando os juros nos Estados Unidos começarem a cair. O mercado atualmente projeta que esse movimento começará a ocorrer a partir de junho deste ano. 

Poderíamos ainda, antes de encerrar, falar de Fundos de Private Equity, Venture Capital, Precatórios, Direitos Creditórios, Ativos Estressados, ouro, dólar e até mesmo de criptomoedas, que já aceitam investimento no Brasil por entidade regulada. Mas, aí,  este artigo teria que virar um livro!  

Como nós, profissionais do mercado, estudamos muito para garantir que o investidor seja bem-sucedido nos seus investimentos, deixo minha dica de ouro: escolha bem aquele profissional que vai cuidar e planejar as suas finanças!  

**Gabriel Cintra é sócio fundador e chefe de Investimentos da Eleva Invest MFO , Consultoria de Valores Mobiliários regulada pela CVM , economista formado pelo Insper com especialização em relações internacionais. Atuou durante a sua carreira nos mercados de crédito, M&A e mercado de capitais em instituições como o BV, Indusval e IBN e foi presidente do Ação Jovem do Mercado Financeiro e de Capitais da Bolsa.