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Eleições Americanas e Seus Impactos nas Economias Globais e Brasileira

O novo presidente americano terá que lidar com uma economia desafiadora, altas taxas de juros, e questões geopolíticas complexas

LOS ANGELES, CALIFORNIA - JUNE 27: The CNN presidential debate between U.S. President Joe Biden and Republican presidential candidate former President Donald Trump is shown at a debate watch party at The Continental Club on June 27, 2024 in Los Angeles, California. Biden and Trump are facing off in the first presidential debate of the 2024 presidential cycle.   Mario Tama/Getty Images/AFP (Photo by MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

LOS ANGELES, CALIFORNIA - JUNE 27: The CNN presidential debate between U.S. President Joe Biden and Republican presidential candidate former President Donald Trump is shown at a debate watch party at The Continental Club on June 27, 2024 in Los Angeles, California. Biden and Trump are facing off in the first presidential debate of the 2024 presidential cycle. Mario Tama/Getty Images/AFP (Photo by MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

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Panorama Econômico

Panorama Econômico

Publicado em 1 de julho de 2024 às 07h00.

As eleições presidenciais dos Estados Unidos são eventos de grande relevância mundial, dada a influência econômica, política e militar do país. A cada quatro anos, a disputa eleitoral não apenas define a liderança americana, mas também traz implicações significativas para as economias globais e, em particular, para a economia brasileira. 
 
Impactos Globais

A economia dos Estados Unidos, sendo a maior do mundo, atua como um barômetro para o desempenho econômico global. Decisões políticas e econômicas tomadas pela administração americana afetam diretamente o comércio internacional, a estabilidade financeira e o fluxo de capitais. Mudanças nas políticas de comércio exterior, tarifas e acordos comerciais são aspectos cruciais que alteram a dinâmica global. Por exemplo, a administração de Donald Trump introduziu políticas protecionistas, como tarifas sobre importações da China, afetando as cadeias de suprimentos globais e criando incertezas nos mercados financeiros. 
 
Impactos na Economia Brasileira

A economia brasileira é particularmente sensível às mudanças na política americana devido a diversos fatores. Primeiramente, os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil, sendo um grande destino para exportações de commodities, como soja e petróleo. A eleição de um presidente com uma postura protecionista pode resultar em barreiras comerciais, impactando negativamente as exportações brasileiras. 
 
Além disso, as políticas monetárias adotadas pelo Federal Reserve (Fed) sob a orientação do novo presidente têm um papel crucial. Decisões sobre taxas de juros nos Estados Unidos influenciam os fluxos de capital para mercados emergentes, incluindo o Brasil. Taxas de juros mais altas nos EUA podem atrair capital de volta, desvalorizando moedas emergentes e elevando a inflação. Este efeito foi observado durante os períodos de "tapering" do Fed, quando a retirada de estímulos monetários resultou na fuga de capitais dos mercados emergentes. 
 
Políticas Ambientais e Energéticas

Outro aspecto relevante é a política ambiental e energética. A administração Biden, por exemplo, tem uma agenda voltada para a sustentabilidade e redução das emissões de carbono, incentivando energias renováveis. Isso pode beneficiar o Brasil, que possui uma matriz energética limpa e grande potencial em energia eólica e solar. No entanto, mudanças na política energética dos EUA também podem afetar os preços globais do petróleo, impactando diretamente a Petrobras e o setor de energia brasileiro. 
 
Relações Bilaterais

O relacionamento diplomático entre Brasil e Estados Unidos é outro fator de grande importância. A aproximação ou distanciamento entre os países pode influenciar desde os investimentos diretos estrangeiros até a cooperação em áreas como segurança e tecnologia. A administração de Jair Bolsonaro, por exemplo, teve uma relação estreita com a de Donald Trump, buscando alinhamento em diversas políticas. Uma mudança na presidência dos EUA pode redefinir essa dinâmica, trazendo novas oportunidades ou desafios para a diplomacia e comércio. 
 
Republicanos e Democratas

Nos Estados Unidos, a política é amplamente dominada por dois partidos: o Partido Republicano e o Partido Democrata. Os republicanos geralmente defendem uma abordagem conservadora em questões econômicas e sociais, enquanto os democratas tendem a promover políticas progressistas e de bem-estar social. O momento político atual é de intensa polarização. A administração de Joe Biden tem enfrentado desafios significativos, incluindo a recuperação pós-pandemia, inflação alta e tensões geopolíticas. Por outro lado, o Partido Republicano permanece dividido entre a ala tradicional e os seguidores de Donald Trump, cuja influência continua forte apesar das controvérsias. 
 
Trump e a Invasão ao Capitólio

Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio dos EUA em uma tentativa de reverter a derrota eleitoral de Trump. O evento levou a um segundo processo de impeachment contra Trump, acusado de incitar a insurreição. Apesar disso, Trump foi absolvido pelo Senado, escapando assim da proibição de se candidatar novamente. Este evento destacou as profundas divisões políticas no país e as consequências da retórica polarizadora. 
 

Presidentes de Longa Data

Historicamente, alguns presidentes dos EUA tiveram carreiras políticas notavelmente longas. Franklin D. Roosevelt é o único presidente a servir mais de dois mandatos, totalizando quatro mandatos de 1933 a 1945, durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Outro exemplo é Theodore Roosevelt, que, além de seus dois mandatos, continuou ativo na política até sua morte. Mais recentemente, Joe Biden, antes de se tornar presidente, serviu como senador por 36 anos e vice-presidente por oito anos, totalizando uma carreira política de mais de 40 anos. 
 
Desafios do Novo Presidente

O novo presidente dos Estados Unidos enfrentará uma série de desafios significativos. A economia americana está em um momento delicado, com altas taxas de juros destinadas a controlar a inflação, enquanto tenta manter o crescimento econômico sustentável. O mercado de trabalho, embora robusto, ainda enfrenta incertezas e o setor imobiliário sente os efeitos das taxas de juros elevadas. 
 
Em termos internacionais, a relação com a China continua a ser uma área de tensão, com disputas comerciais e tecnológicas em jogo. A situação com a Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia, as recentes acusações russas de um possível fornecimento de armamentos para o exército ucraniano e a guerra de Israel contra o Hamas, são questões requerem uma diplomacia cuidadosa e um reforço das alianças por meio da OTAN. Além disso, o novo presidente precisará navegar nas sempre complexas relações com o Oriente Médio, a cooperação em segurança com a Europa e o fortalecimento de laços com os países da América Latina. 
 
Em suma, as eleições americanas têm um impacto profundo e multifacetado nas economias globais e, especificamente, na economia brasileira. O comércio exterior, fluxos de capital, políticas ambientais e relações diplomáticas são áreas diretamente afetadas pelas decisões do novo presidente americano. É essencial que o Brasil esteja preparado para adaptar-se rapidamente a essas mudanças, buscando mitigar riscos e aproveitar oportunidades que surgirem com o novo cenário político nos Estados Unidos. Além disso, o novo presidente americano terá que lidar com uma economia desafiadora, altas taxas de juros, e questões geopolíticas complexas, incluindo as relações com China, Rússia e aliados na OTAN, que terão implicações significativas para a estabilidade global. 
 
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Adriano Cantreva é sócio e Co-Cio na Portofino Multi Family Office. Ele reside em NY, onde dirige o escritório internacional da Portofino MFO e todas as operações da vertical de investimentos internacionais. Para saber mais acesse: www.pmfo.com.br/investimentos-internacionais 

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